"Perigo de furto." Mergulhadores resgatam roldanas com 300 anos, mas há mais no Algarve
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Roldanas, âncoras e embarcações inteiras de várias eras da história. Ao largo de Lagos, no Algarve, foram encontrados vários achados arqueológicos.
Após cinco horas no mar, os mergulhadores de uma equipa do Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática (CNANS), em conjunto com colegas noruegueses, resgataram apenas umas roldanas em bronze, supostamente de um barco naufragado.
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"À partida será proveniente do século XVIII, não só pela sua dimensão, tipologia, algumas características que estão ali envolvidas. Portanto, e tendo em conta o material que é, à partida é muito possível que este sítio seja um sítio de naufrágio, mas isto é tudo num plano muito hipotético, porque nós só temos neste momento as roldanas ainda", conta à TSF Gonçalo Lopes, líder da equipa da CNANS.
Além das roldanas, a equipa que está a fazer o mapeamento de alguns naufrágios na zona está também a fazer um levantamento das descobertas arqueológicas no local, assinaladas pelos mergulhadores e por pescadores.
"Estas peças, nomeadamente cinco roldanas em bronze e um cepo de chumbo de uma âncora romana, não só pelo seu valor venal e, portanto, estavam em perigo de furto, mas também porque, no caso do cepo, estava numa zona de mergulho recreativo recorrente e a probabilidade de alguém, como existe uma espécie de mercado paralelo deste tipo de materiais, a ideia seria também tentar a resgatá-lo o mais rápido possível", revela Gonçalo Lopes.
Estes objetos antigos encontram-se entre os 12 e ou 18 metros de profundidade e o estado do mar não possibilitou o resgate de uma parte de uma âncora que também está no local: "Baliza-nos mais ou menos entre o século IV a.C. e o século II d.C. É o que nós conseguimos dizer para já."
Os noruegueses disponibilizaram sonares para varrerem o fundo do mar e, curiosamente, também é norueguês um navio afundado por um submarino alemão durante a Primeira Guerra Mundial.
"É fascinante ver como a imagem do barco fica forte no ecrã à medida que passamos o sonar e sabemos que ele contém mais de cem anos de história. Lemos sobre isto, mas depois vemos os seus restos e isso deixa-nos abalados e mexe connosco", explica um investigador norueguês.
O arqueólogo português Gonçalo Lopes promete uma nova visita ao local nas próximas semanas: "Em princípio, vamos tentar, na próxima semana, vir cá um dia ou dois no máximo para tentar fazer as outras recuperações. Obviamente que é tudo ainda um bocadinho incerto, até de acordo com o próprio estado do tempo, mas há essa necessidade, porque de facto são peças que estão, que estão em risco, claro de desaparecer."
Os achados arqueológicos irão agora para o CNANS, em Lisboa e depois deverão ficar expostos num museu em Lagos.
