Ex-adjunta de Marta Temido vai dirigir os serviços de informação e análise da DGS. Substituição aconteceu no dia de uma reunião 'quente' entre Governo e especialistas.
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Em plena luta contra o novo coronavírus, a Direção-Geral da Saúde (DGS) substituiu a diretora de Serviços de Informação e Análise.
A anterior responsável saiu a pedido da própria e foi substituída, em regime de substituição, ou seja ainda sem concurso público, por Inês Fronteira, antiga adjunta da Ministra da Saúde entre novembro de 2018 e novembro de 2019 e que saiu desse cargo, na altura, com um louvor atribuído por Marta Temido pelos serviços prestados, nomeadamente o "elevado profissionalismo e dedicação", "extremo rigor e competência técnica".
A Direção de Serviços de Informação e Análise é uma das quatro unidades orgânicas em que se subdivide a DGS e tem, entre outras funções, "conceber e selecionar indicadores e índices" epidemiológicos, mas também "orientar tecnicamente as metodologias de recolha, tratamento e análise de informação epidemiológica", "orientando tecnicamente a realização de estudos epidemiológicos de âmbito nacional", sendo igualmente responsável pela Divisão de Estatísticas da Saúde e Monitorização.
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A anterior responsável por esta direção estava no cargo há pouco mais de ano e meio, tendo sido nomeada, em novembro de 2018, igualmente, em regime de substituição, não sendo avançadas, oficialmente, as razões para ter pedido para abandonar o cargo.
Substituta chegou no dia de reunião com especialistas
A chegada da nova diretora dos Serviços de Informação e Análise da DGS tem data de 24 de junho, mas só agora, a 9 de julho, foi publicada em Diário da República.
Recorde-se que 24 de junho foi a data da penúltima reunião do Governo, Presidente da República e oposição com os especialistas, no Infarmed, em que os especialistas terão contrariado o discurso do executivo de que o elevado número de testes explicaria o surgimento de mais casos, sobretudo em Lisboa e Vale do Tejo.
As notícias sobre o que se tinha passado na reunião, que se realiza à porta fechada, diziam mesmo que o primeiro-ministro, António Costa, teria ficado irritado com a falta de explicações dos técnicos para os números de contágios na Grande Lisboa, tendo, alegadamente, ficado agastado com a Ministra da Saúde.
Questionada pela TSF, a DGS adianta que a anterior diretora de serviços, Graça Lima, "apresentou, em tempo oportuno, uma baixa médica, tendo as suas funções sido asseguradas pela sua equipa, e apresentado o pedido de cessação da comissão de serviço, com efeitos a 23 de junho".
A DGS explica ainda que se aguarda a publicação do procedimento concursal para que a nova diretora deixe de estar em regime de substituição.
Segunda substituição em dias
A saída da anterior e chegada da nova diretora dos serviços de Informação e Análise foi publicada em Diário da República um dia depois de outra substituição consumada oficialmente, na terça-feira, na publicação oficial do Estado: a de Rita Sá Machado, também a pedido da própria, do cargo de Chefe de Divisão de Epidemiologia e Estatística, exatamente a única divisão que faz parte da Direção de Serviços de Informação e Análise, como se pode ver no organograma da DGS.
É esta a divisão responsável, na DGS, entre outras funções, pelo desenvolvimento de sistemas de informação para conhecer o estado de saúde da população e os seus determinantes, nomeadamente "a recolha e compilação dos dados e a avaliação da qualidade, validação, análise, síntese, disseminação e comunicação da informação".
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Na resposta enviada à TSF, a DGS diz que Rita Sá Machado irá para um cargo na ONU, uma mudança prevista desde março.
O substituto, Luís Guedes, foi nomeado em regime de substituição, ou seja, ainda sem concurso público, mas o procedimento concursal para ter um nome definitivo já foi aberto, em Diário da República, a 29 de junho.