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A vista é fantástica e a cozinha trabalha bem os peixes que sobem o rio Vouga, de caudal engrossado pelas chuvas recentes. No Poço de S. Tiago, na Nacional 16, perto de Sever do Vouga, as especialidades não são apenas sazonais.
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O Poço de S. Tiago é um dos locais mais bonitos e conhecidos do vale do rio Vouga.
Sobre o local, onde um tal abade Santiago se entretinha a pescar com tal frequência que o sítio onde o rio tem razoável profundidade acabou por ficar assim conhecido, foi construída, em 1913, uma ponte.
Obra de envergadura, considerada a mais alta de Portugal em pedra, tem 165 metros de comprimento e 28 de altura e por ela circulou, até 31 de dezembro de 1989, o popular e saudoso «Vouguinha». No dia seguinte, Viseu tornou-se na 1.ª capital de distrito a ficar sem comboio.
Levantados os carris, a via foi transformada em ecopista, que ladeia a ziguezagueante Nacional 16, uma estrada romântica e de grande beleza, acessível a partir do nó de Carvoeiro da A25, na direção de Sever do Vouga.
À face da estrada e com fantástica panorâmica, o restaurante Santiago tem uma história de meio século, nascida de um caso de amor. A casa passou para a segunda geração e as obras feitas há uma década tornaram o espaço mais moderno, funcional e atraente.
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Da esplanada, uma varanda debruçada sobre o rio emoldurado por salgueiros, carvalhos e ulmeiros, contempla-se cenário fantástico.
O gigantesco arco em alvenaria - o 2.º maior da Europa, segundo consta - está mesmo ali, em frente e justifica, pela dimensão, o estatuto de ex-líbris de Sever do Vouga.
A sala, com um dos lados totalmente envidraçado, é muito confortável. Mobiliário moderno, em madeira, um balcão de apoio e mesas cobertas com atoalhados em tecido e guardanapos de papel. Decoração sóbria, marcada pelo bom gosto.
No piso inferior, uma sala para grupos confere maior versatilidade a este restaurante onde a a maioria das especialidades são confecionadas à base dos peixes migrados - sável, enguia e lampreia -- que sobem o rio.
Outro capítulo tem o forno a lenha como protagonista. Vitela e cabrito são alternativas saborosas a outros pratos mais sazonais.
Para entrada, um robalinho da ria, frito e cortado em postas pequenas com escabeche, abriu caminho a um valoroso ensopado de enguias, que chegou à mesa, fumegante, num tacho.
Confeção apurada; ótimo paladar, considerações válidas também para o sável frito - meia dose servida com quatro postas -- e acompanhado com açorda. Fritura no ponto certo; muito saboroso.
Lampreia em arroz ou à bordalesa; enguias fritas com açorda e, para duas pessoas, filetes de polvo com migas de broa, são alternativas.
Nos pratos de carne, as vedetas de domingo e feriados são a vitela e o cabrito assado no forno a lenha.
Vitelinha na caçarola de barro ou naquinho grelhado com arroz de feijão e o afrancesado filet mignon com camarão regado com demi glace completam este capítulo.
Doçaria de confeção caseira, com destaque para o leite creme, queimado na hora; aletria; pudim de laranja e, na época, gelado de mirtilo, o fruto da região.
Carta de vinho não muito extensa, com maioria de referências do Douro e do Dão.
Serviço familiar e muito simpático nesta casa, onde as meias doses são fartas; a panorâmica abre o apetite e a cozinha delicia o palato.
Restaurante Santiago, no Poço de Santiago, em Pessegueiro do Vouga, na Rota da Água e da Pedra,
Onde fica:
Localização: Poço de S. Tiago, Pessegueiro do Vouga (Sever do Vouga)
Telef.: 234 551 125 ; 91 400 86 95