Boa parte das companhias de natureza familiar, integram o grupo das pequenas empresas que empregam mais de 78% da força de trabalho nacional e apesar de demonstrarem resiliência, enfrentam problemas, como os preços elevados, escalada da inflação e a redução de gastos dos consumidores, que aliados às dificuldades de investimento em formação e capacitação, representam riscos no futuro para prosperar numa economia cada vez mais digital e global, revela um estudo da Mastercard, focado na transformação digital das empresas familiares portuguesas.
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A preocupação com o crescimento do negócio já em 2024 abrange cerca de metade das pequenas e médias empresas nacionais e as portuguesas de natureza familiar estão ligeiramente menos optimistas do que as restantes. Mesmo assim, 52% acredita que vai ver o negócio crescer no próximo ano, entre as mais de mil inquiridas em Portugal, no estudo da Mastercard agora divulgado.
A análise permite ainda concluir que a incerteza do "se" e "como" modernizar a empresa, juntamente com a dinâmica familiar, pode aumentar o risco de algumas pequenas empresas familiares acabarem por ser ultrapassadas por concorrentes mais ágeis e com processos de decisão não sujeitos à pressão familiar e são desafios que levam cerca de 29% a manifestar preocupação com a incerteza face ao futuro, enquanto 28% está mais focada em preocupações financeiras.
Mesmo assim, o estudo descobriu que 44% das empresas familiares integraram soluções de pagamentos digitais, mas apenas 35% considera estar totalmente preparada para operar numa economia digital.
Os principais fatores impeditivos de uma maior transformação digital apontados pelas inquiridas colocam a cibersegurança à frente para 58%, face às 37% que indicam politicas de privacidade.
O desejo de modernização está à vista para 41% que pretende usar ferramentas digitais para atualizar os seus negócios, mas uma em cada quatro (26% ) não tem a certeza sobre os recursos digitais e tecnologias mais adequadas e 37% acredita que as ferramentas digitais podem ajudar a transformar a atividade em que operam.
Para fazer o negócio crescer, quase metade das empresas familiares mostram interesse em aumentar as qualificações, de modo a acompanhar a evolução dos tempos. 40% revelam forte desejo de ter mais formação. 47% querem ver alterações ao quadro regulatório. 37% admite que uma melhor utilização das ferramentas digitais, pode ajudar a modernizar o seu negócio.
Quanto os planos das PMEs familiares para o próximo ano, 44% deseja aumentar a presença nas redes sociais. 37% deseja aceitar pagamentos digitais e a mesma percentagem, pretende integrar a funcionalidade BPNL (Buy now Pay later) e 19% deseja fazer parte de um Marketplace online.
Já sobre formas de trabalhar neste tipo de empresas, o estudo revela ainda que a geração mais antiga está pouco aberta a experimentar coisas novas. 31% considera mesmo difícil convencer os membros da família a identificarem as soluções digitais mais adequadas à modernização da empresa e referem que a mentalidade fechada para adaptação aos novos tempos é um problema.
Um quinto dos inquiridos afirma que as relações pessoais com os seus parentes são o maior obstáculo a ser superado no trabalho, mas a análise também permite perceber que o planeamento da sucessão além das relações pessoais com os seus parentes são ponto crítico importante para algumas companhias. 24% considera existir conflito sobre quem assumiria o negócio no futuro e quase metade mencionam como gratificante no trabalho familiar, a possibilidade de passar mais tempo com a família, enquanto 36% destaca a existência de um ambiente laboral mais agradável, 34% considera fazer parte de um legado, 33% salientam a confiança nos membros da organização e 29% dizem ser uma oportunidade de aprendizagem.
De acordo com os dados da União Europeia, muitas PMEs, especialmente as familiares, enfrentam desafios de futuro para prosperar numa economia crescentemente digital e global e entre esses desafios, destacam-se, os preços elevados, a inflação e a redução nos gastos dos consumidores, também maior probabilidade de serem financeiramente vulneráveis, sofrer com o impacto do atraso no pagamento das faturas, não terem acesso às ferramentas nem competências digitais adequadas e ter menor propensão a investir na formação do que as grandes empresas.
Em comunicado, a Mastercard dá conta que realizou este estudo pan-europeu com o apoio da Vitreous em 15 países, incluindo Portugal. A amostra foi de 10.501 entrevistados na Europa entre pequenas empresas familiares (5.250 entrevistados) e não familiares (5.251), para garantir que as visões comparativas ficavam registadas. Em Portugal foram realizadas 1.000 entrevistas, entre 2 e 19 de junho de 2023.