Energia "mais cara da Europa" e "promoções permanentes". É a "tempestade perfeita" para os suinicultores
Os produtores de porcos têm mantido várias reuniões com o Governo nas últimas semanas, mas o Ministério da Agricultura ainda não anunciou apoios para os suinicultores, que dizem estar em causa a sustentabilidade do setor.
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Os suinicultores dizem precisar de ajuda urgente, e a federação que os representa reunir-se-á nesta terça-feira, para pressionar o Governo. A Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores junta, nesta terça-feira, em Leiria, os criadores de porcos para pressionarem o Governo, para que avance com medidas de apoio que ajudem a enfrentar à crise que atravessam.
David Neves, presidente da federação, defende que o setor não pode ficar à espera de um novo Governo para que lance uma tábua de salvação urgente. Esperar pode significar a falência de muitos criadores de porcos, garante o responsável, em declarações à TSF. "Dada a situação que o setor vive, é necessário que muito urgentemente se implementem medidas, sob pena de, daqui por um mês ou dois, o setor ter desaparecido, e, consequentemente, ter arrastado para falência um conjunto enorme de pequenas e médias empresas e deixado sem trabalho muitas famílias em Portugal", alerta David Neves, que fala em números que se agravaram e que não promovem a liquidez.
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"Neste último ano, tivemos um aumento do custo de produção superior a 30%. Tivemos uma queda do pagamento ao produtor superior a 40%, e, portanto, estamos perante aquilo a que se costuma chamar tempestade perfeita." Para enfrentar o "olho do furacão" e obter a sensação que lhe é inerente, de que a tempestade já passou, David Neves argumenta a favor de medidas como a abertura de uma linha de crédito imediato para apoio à tesouraria das empresas e das famílias, a suspensão da taxa social única por um determinado período, e um acesso facilitado a energia verde, já que Portugal tem a "eletricidade e combustíveis mais caros da Europa".
O presidente da Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores quer ainda que sejam desenvolvidas ações de sensibilização junto da grande distribuição, para que ponham termo ao "conjunto permanente de promoções que assentam na carne de porco" e que não são promotoras da sustentabilidade do setor.