Enfarte do miocárdio. Queda de 20% no número de angioplastias programadas é "preocupante"
Na primeira vaga da Covid-19, o presidente da Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC) confirmou que "os doentes que apareciam tardiamente apareciam com formas mais complicadas da doença coronária".
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Eduardo Infante de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC), considera "preocupante" o decréscimo de cerca de 20% nas angioplastias na fase estável, porque "existiu um conjunto de doentes a quem a doença coronária não foi diagnosticada" e espera que existam "programas de recuperação" de avaliação aos doentes.
O Dia Nacional do Doente Coronário celebra-se esta segunda-feira, dia 14 de fevereiro. No âmbito da data, a APIC divulgou os dados referentes ao tratamento para o enfarte agudo do miocárdio, em Portugal, no ano passado.
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Eduardo Infante de Oliveira confirmou que em 2020 e 2021, o número de pessoas com sintomas de enfarte "aumentou". Contudo, o cardiologista ressalva um "aspeto muito positivo", o "regresso dos doentes às unidades hospitalares" porque, na primeira vaga da Covid-19, existia a noção de que "os doentes que apareciam tardiamente apareciam com formas mais complicadas da doença coronária", um dos efeitos mais temidos da pandemia.
Na segunda vaga, "nos restantes meses de 2020 e em 2021, verificámos um aumento gradual e um retomar no número de casos com enfarte" e o "efeito de decréscimo verificou-se exclusivamente na primeira vaga", explicou Infante de Oliveira.
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Quanto "aos procedimentos que são realizados de forma programada", o médico disse que se "verificou uma redução". O decréscimo pode se explicar por "os doentes terem menos acessibilidade aos tratamentos na fase estável" e podem, por isso, "ter eventos mais agudos".
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Eduardo Infante de Oliveira alerta para os sintomas do enfarte do miocárdio: se um doente sentir "um peso forte no peito, que pode irradiar para o braço esquerdo e para o queixo e com outros sintomas como a dificuldade de respirar, transpiração e a vontade de vomitar", devem "ligar o 112 e não se devem deslocar por meios próprios para as unidades hospitalares".
O presidente da APIC realça a importância de "abrir as artérias no período mais curto de tempo" porque "enquanto as artérias não estão abertas existe um maior risco de morte súbita". Por isso, Infante de Oliveira pede "transporte seguro" dos doentes e explicou que "cada segundo conta" porque se demorarem "demasiado tempo a revascularizar a artéria que está obstruída" vão "perder mais músculo e isso vai ter consequências no futuro" dos doentes coronários.
Segundo dados do Registo Nacional de Cardiologia de Intervenção (RNCI), em 2021 foram realizadas 4.002 angioplastias primárias para o tratamento de enfarte agudo do miocárdio, um aumento de 4,8%, face a 2020. A maioria dos doentes tratados foram homens e a média de idades situa-se acima dos 60 anos.