Enfermeira que esteve infetada volta ao trabalho com alegria, medo e esperança
Raquel Martins é enfermeira num hospital privado no Porto e esteve 48 dias de quarentena em casa.
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Após 48 dias doente em casa, a enfermeira Raquel Martins voltou ao trabalho no dia 4 de maio, quando completou 33 anos. Na prática, esta profissional de saúde cumpriu duas quarentenas porque os testes ora davam negativo ora positivo: "Tive um teste positivo e passadas 48 horas tive um teste positivo", explica a enfermeira que trabalha num hospital privado no Porto.
Apesar da "sensação ótima" de regressar ao trabalho, Raquel Martins considera que ainda não está totalmente livre de problemas e que não pode falar em libertação completa porque "ainda não se sabe nada deste vírus", daí que a atitude seja fazer "tudo com muita calma" e não dar nada por adquirido.
A enfermeira receia que um descontrolo da pandemia durante o desconfinamento volte a trazer problemas ao Serviço Nacional de Saúde. "Tenho medo que novamente se encham os hospitais e não tenhamos estrutura física", alerta Raquel Martins, confessando também que tem "medo" pelo facto de "50 por cento das pessoas" que vê na rua não usarem máscara.
A falta de material nos hospitais é outras das preocupações desta enfermeira que em março criticou o primeiro-ministro. "Ainda existem muitas falhas, não podemos ter material de proteção para um dia ou dois e a seguir não ter", lamenta Raquel Martins.
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Questionada sobre que conselhos e ensinamentos poderá transmitir aos doentes que vier a encontrar, dado que já esteve infetada, Raquel Martins admite partilhar a sua história para que cada doente possa "tirar um bocadinho" da experiência da enfermeira e assim "não pensar no cenário pior" ou "ver uma esperança", até porque Raquel não chegou a estar hospitalizada.
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