Profissionais reivindicam aumentos salariais e das compensações pelo trabalho nas chamadas "horas incómodas", assim como um regime de 35 horas de trabalho semanais e de 25 dias úteis de férias.
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Os enfermeiros dos hospitais privados vão fazer greve no dia 16 de março para exigir a regulação dos horários de trabalho, aumentos salariais de 10% e 25 dias úteis de férias, anunciou esta quarta-feira um sindicato da classe.
"Esta será a primeira greve dos enfermeiros que exercem funções nas instituições abrangidas pela Associação Portuguesa da Hospitalização Privada (APHP)", adiantou em comunicado o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).
Em declarações à TSF, Jorge Rebelo, dirigente da estrutural sindical, explica que o objetivo é "desbloquear a situação dos aumentos salariais para 2023 e o aumento das compensações pelo trabalho executado no período das 20h00 de um dia até às 8h00 do dia seguinte", a que estes profissionais chamam de "horas incómodas", e também ao sábado e ao domingo.
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"Ao sábado, só havia compensação percentual do valor por hora a partir das 16h00 até à segunda-feira às 8h00", explica também.
Segundo a estrutura sindical, os enfermeiros destas instituições de saúde privadas reclamam a implementação das 35 horas semanais e a regulação dos horários de trabalho, um acréscimo remuneratório mensal para quem trabalha por turnos e o pagamento do regime de prevenção.
Além disso, reivindicam um aumento salarial de 10% e do subsídio de refeição para todos os enfermeiros e 25 dias úteis de férias por ano.
Em janeiro, recorda o SEP no comunicado desta tarde, "mais de 800 enfermeiros a exercerem funções nos hospitais pertencentes aos grupos CUF, Luz e Lusíadas da área de Lisboa subscreveram um abaixo-assinado com estas exigências entregue aos respetivos grupos privados".
De acordo com o sindicato, estes grupos da área da saúde estão abrangidos pelo Contrato Coletivo de Trabalho da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada, que define a carreira de enfermagem aplicável nas 75 instituições privadas associadas na APHP.
"Apesar de este setor nos últimos anos ter tido um aumento exponencial dos lucros, a APHP, ao fim de três meses de negociações com o SEP, continua a não aceitar nenhuma das propostas" apresentadas, adiantou ainda a estrutura sindical.
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Jorge Rebelo admite agora que esta pode ser a primeira de outras mais greves no setor privado, sendo que "tudo depende da vontade dos enfermeiros".
"É a primeira greve, que eu me lembre, desde há muitos anos e desde que há esta convenção coletiva", assinala, rejeitando a ideia "de deusificação e de que é tudo perfeito".
"Não é, não é tudo perfeito e há problemas, apesar de muitas vezes nós ouvirmos na comunicação social dizer que os profissionais - e muitas vezes outros profissionais que não enfermeiros - fazem opção pelo setor privado como sendo o El Dorado", lamenta.
Contactada pela TSF, a APHP afirma que não recebeu nenhum pré-aviso de greve.