Enfermeiros em greve. Sindicato acusa Ministério da Saúde de querer "poupar dinheiro à custa da exploração"

Os enfermeiros cumprem esta sexta-feira um dia de greve nacional, convocada pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP). Em informações avançadas pelas 09h30 à TSF, a líder sindical, Guadalupe Simões, refere que há locais em que a adesão é de 100%. Saiba quais no áudio abaixo:

Em causa está a proposta de acordo coletivo de trabalho apresentada pelo Governo que "é abaixo daquilo que hoje são as condições e os direitos dos enfermeiros, nomeadamente em termos de organização de tempo de trabalho", afirma à TSF a dirigente da SEP.

"O Governo está a propor que os enfermeiros possam aumentar a sua carga de trabalho em mais quatro ou cinco horas por dia, o que significa que podem chegar às 14 horas de trabalho diário dependendo da necessidade da instituição, e até um limite máximo de 60 horas de trabalho, sendo que tudo isto será pago como trabalho normal", denuncia.

A sindicalista adianta que a proposta "não prevê consequência da avaliação de desempenho para os enfermeiros com contrato individual de trabalho", retirando assim aos profissionais a progressão na carreira, da mesma maneira que retira a forma de pagamento das chamadas "horas penosas" — noites, fins de semana e feriados — e dos regimes de prevenção.

Para Guadalupe Simões, o Ministério da Saúde está a "propor poupar dinheiro à custa da exploração dos enfermeiros".

Antes, antecipando esta paralisação, Simões referia que o "impacto seria negativo nas intervenções de enfermagem programadas e nos serviços onde os enfermeiros não têm obrigatoriedade de permanecer, nomeadamente nos cuidados de saúde primários". Nos hospitais, a sindicalista esclarecia que os efeitos podem sentir-se essencialmente nas consultas externas e nas cirurgias programadas.

Os enfermeiros vão também fazer uma concentração esta sexta-feira, às 11h00, em frente ao Ministério da Saúde.