Enfermeiros obstetras defendem que há "capacidade para abrir mais maternidades"
Estes profissionais lamentam que as suas competências não estejam a ser usadas para solucionar o problema das urgências de obstetrícia
Corpo do artigo
Depois de ver encerradas várias urgências obstétricas e de ginecologia durante o último fim de semana, o presidente da Associação Portuguesa de Enfermeiros Obstetras (APEO) considera que a resolução da questão não pode estar centralizada nos médicos.
"Se todos trabalharmos em equipa e para a mulher, obviamente que temos capacidade de abrir mais maternidades do que aquelas que estamos a abrir", assegura.
Vítor Varela considera que no centro de todo o "desenho" destas urgências estão os médicos: "Não podem estar, o que tem de estar é a equipa que é composta obviamente por médicos, mas também por enfermeiros especialistas em saúde materno-obstétrica."
"Então está tudo fechado? As mulheres não têm acesso a uma maternidade no fim de semana na zona de Lisboa, Setúbal, Barreiro ou no Garcia de Orta [Almada]?", pergunta. "É impossível", exclama
Vítor Varela admite que este é um problema estrutural, mas adianta que 70% dos partos eutócicos (partos normais) no Serviço Nacional de Saúde são efetuados ou assistidos por estes enfermeiros especialistas. "É preciso perceber que as nossas competências podem ser usadas e obviamente nós temos de ser ouvidos nestas questões", adianta.
E questiona: "A política de saúde materno-obstétrica não pode ser resolvida entre os políticos e os médicos. Se numa maternidade tivermos dois médicos e quatro enfermeiros de saúde materno-obstétrica, então não podemos assistir grávidas?"