Sindicato aponta "caso aberrante" de um casal de enfermeiros ao qual foi dada como solução uma instituição de ensino privada que solicitou uma mensalidade superior a 500 euros.
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O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses denunciou, esta sexta-feira, que muitos profissionais de saúde, com as escolas fechadas e o país confinado, não têm com quem deixar os filhos, sobretudo os mais novos.
"Nas idades mais pequenas, crianças com idade pré-escolar, e abaixo dos três anos, [os enfermeiros] não têm onde deixar as crianças porque foram abertas escolas básicas e do ensino secundário que não têm os profissionais adequados para tratar destas crianças", criticou o sindicalista Alfredo Gomes.
O dirigente sindical deu o exemplo de um caso, que classificou como "aberrante", de um casal de enfermeiros ao qual foi dada como solução uma instituição de ensino privada que solicitou uma mensalidade superior a 500 euros.
"Um casal de enfermeiros que tem um miúdo com três anos, no sítio onde vive não há nenhuma escola aberta, e então foi sugerido que fossem a uma escola privada que estava a garantir esse apoio. Essa escola privada pediu 550 euros de mensalidade para pôr lá a criança. Isto não é apoio nenhum", acusou.
Segundo, o Sindicato do Enfermeiros Portugueses, também os pais das crianças e jovens com necessidades educativas especiais enfrentam dificuldades. "Os enfermeiros não sabem onde é que os devem colocar porque têm um apoio especial, que no despacho diz que é garantido, e as escolas dizem que não têm possibilidade de garantir", lamentou.
As queixas e reparos do Sindicato do Enfermeiros Portugueses não se ficam por aqui. Com a pressão cada vez maior sobre os hospitais por causa da Covid-19 e com as unidades a terem que recrutar mais pessoal, a estrutura sindical considera que os profissionais de enfermagem que emigraram dificilmente voltam a Portugal para ajudar no combate ao coronavírus porque os contratos oferecidos não são atrativos.
"Os enfermeiros que estão emigrados, e que são milhares, não vêm. Temos situações de colegas que querem regressar, que estão em Inglaterra, França e Bélgica, e não vão regressar com um contrato de quatro meses, que é o que lhes estão a propor", explicou Alfredo Gomes, salientando que, desde o início do ano, os hospitais já podem fazer contratos a termo incerto, mas nem isso chega para fazer regressar mais profissionais de enfermagem a Portugal.
"Os enfermeiros vêm com data de entrada, mas sem data de saída. O que é garantido é que mais dia, menos dia, vão embora quando não forem necessários e isto não é um contrato que qualquer pessoa, seja profissional de saúde ou outra, deixe - uma garantia por uma coisa que é incerta", sustentou.
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