Enfermeiros reportam falta de vacinas. Governo ainda não comprou doses do plano de vacinação para 2023
Ministério da Saúde reconhece falhas pontuais, mas assegura que "são rapidamente resolvidas".
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O Governo ainda não comprou as vacinas do Programa Nacional de Vacinação deste ano e os centros de saúde estão a utilizar doses que sobraram do abastecimento anterior. Segundo o jornal Expresso, a vacinação gratuita à população, sobretudo de recém-nascidos e crianças, está a ser feita a "conta-gotas".
A Ordem dos Enfermeiros diz que os profissionais de saúde dos cuidados primários reportam falhas nas vacinas contra difteria, tétano, tosse convulsa, poliomielite e haemophilus b, enquanto a Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública explica que está a ser usado o stock que sobrou do ano passado.
O semanário acrescenta que a Direção-Geral da Saúde enviou atempadamente o procedimento para a aquisição das vacinas ao Ministério da Saúde e Gustavo Tato Borges, presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública acrescenta que "o Ministério das Finanças tem há mais de meio ano o pedido de autorização para a compra das vacinas".
Isto quando em meados de maio o ministro da Saúde garantia que "não há falta de vacinas no Serviço Nacional de Saúde", apesar de recomendar "uma gestão mais prudente de stocks", justificando que "as aquisições nos últimos meses têm sido feitas por períodos mais curtos do que era habitual".
Numa nota enviada às redações esta sexta-feira, o Ministério da Saúde adianta que a compra de vacinas ainda está em fase de adjudicação: "O procedimento de aquisição de vacinas e tuberculinas no âmbito do Programa Nacional de Vacinação para o ano de 2023 está em curso, em fase avançada de adjudicação, e ficará concluído a meio da próxima semana."
Em resposta à TSF, o gabinete de Manuel Pizzarro reconhece que "pontualmente, num local ou noutro, podem ocorrer situações de faltas, que são rapidamente resolvidas", mas assegura que "a nível nacional não estão vacinas em falta no âmbito do Programa Nacional de Vacinação".
"Portugal faz uma gestão criteriosa do stock de vacinas, monitorizando-o em permanência, o que permite assegurar a disponibilidade de vacinas, sem desperdício, e assegura que se continue a vacinar e a cumprir o Programa Nacional de Vacinação", aponta o Ministério da Saúde.
Em declarações à TSF, o médico Jorge Amil Dias, presidente do Colégio de Pediatria, condena o atraso na compra de vacinas e alerta para o risco que isso pode representar para as crianças.
"A aquisição de vacinas é uma daquelas coisas previsíveis e que se sabe com antecedência, quantas e quais é que vão ser necessárias", nota. "Por isso, uma quebra de disponibilidade nos centros de saúde, que não seja por falta de produção, é incompreensível."
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Apesar de a data para a vacinação "não tenha de ser uma coisa rigorosa e possa haver pequenos desfasamentos, cada vez que se perdem oportunidades há sempre o risco de algumas crianças deixarem de estar plenamente protegidas", alerta.