Enfermeiros "humilhados". Sindicato anuncia greve pela paridade com carreira técnica superior
A presidente do SITEU, Gorete Pimentel, denuncia, na TSF, numa "situação intolerável" e promete continuar a luta, mesmo após a dissolução da Assembleia da República.
Corpo do artigo
O Sindicato Independente de Todos os Enfermeiros Unidos (SITEU) anunciou esta segunda-feira uma greve, entre 21 de dezembro e 2 de janeiro de 2024, para exigir paridade com a carreira técnica superior da Administração Pública.
A presidente do SITEU, Gorete Pimentel, explicou que o que está em causa é o aumento de 52 euros, igualando os 1.333,35 euros que os técnicos superiores da Administração Pública recebem a partir do nível 16.
TSF\audio\2023\12\noticias\04\gorete_pimentel_humilhados
Questionada sobre as conversações que foram ocorrendo com o Ministério da Saúde, a dirigente sindical disse que chegou a enviar e-mails à tutela "a reclamar a situação da paridade".
"No dia 30 de novembro, foi publicado no portal do Governo que o Governo tinha chegado a acordo com a carreira geral dos técnicos superior da Administração Pública, com quem sempre tivemos paridade no salário, mas nas reuniões que houve na tutela foi-nos dito que isso seria resolvido até ao final do ano. Na reunião que houve no dia 27, o senhor secretário de Estado disse que já não havia tempo de resolver esta situação até ao final do ano, mas para os técnicos superiores foi resolvida e, como tal, nós sentimo-nos humilhados e inferiorizados", explica, em declarações à TSF.
Segundo Gorete Pimentel, trata-se de "uma desconsideração" e os enfermeiros sentem-se humilhados, prometendo por isso continuar a luta, mesmo depois da dissolução da Assembleia da República.
TSF\audio\2023\12\noticias\04\gorete_pimentel_ha_governo
"Entendemos que o país não fica sem gestão. O Governo pode estar a prazo, mas nós continuamos a ter gestão. A Assembleia é dissolvida dia 15 [de dezembro], as eleições são dia 10 de março, mas imagine que vem uma guerra em fevereiro, não temos gestor. Não há quem decida? Não há quem mande no país? Claro que há. E há quem possa decidir, basta é ter vontade e nós vamos continuar, nem que passemos a campanha toda a fazer greves porque esta situação é intolerável", assegura.
Na semana passada, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) anunciou que vai entregar uma moção na residência oficial do primeiro-ministro.
A dirigente sindical Guadalupe Simões disse à Lusa, na ocasião, que a moção será entregue durante uma concentração de protesto, com o SEP a considerar que o Governo "teima em discriminar" os enfermeiros.
O SEP reclama a paridade desde o início de 2022 e acusa o Ministério da Saúde de protelar a negociação.