Deputados saíram da sala, bancadas divididas: votação atribulada na hora de permitir aos engenheiros assinarem projetos de arquitetura.
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Apesar das críticas da Ordem dos Arquitetos, foi aprovado, sobretudo com o voto do PSD, o diploma que permite a alguns engenheiros assinarem projetos de arquitetura.
Trata-se de engenheiros civis e engenheiros técnicos civis, inscritos na Ordem dos Engenheiros e que tiraram o curso até ao ano letivo de 1987/88, em quatro instituições: Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra e Universidade do Minho.
A votação foi atribulada, com vários deputados a invocarem "interesse particular" para abandonarem a sala e uma deputada a invocar até o facto de "estar casada com um arquiteto".
Antes mesmo da votação, o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues anunciou que iria votar contra o texto final que resultou de diplomas apresentados pelo PSD e pelo PAN. A divisão foi notória nas bancadas do PS e também do CDS.
Entre os socialistas, 42 deputados, votaram contra, mais do que os cerca de 30 que se abstiveram, entre eles Carlos César, líder da bancada.
Na bancada centrista, Assunção Cristas e outros seis deputados votaram contra, nove deputados abstiveram-se. A favor votaram além do PSD, PCP, PEV e PAN.
Já depois da votação, alguns deputados do PS, entre eles, Helena Roseta, antiga bastonária da Ordem dos Arquitetos, solicitaram uma votação nominal, tendo até apresentado um requerimento nesse sentido que acabou chumbado por larga maioria.
Os proponentes consideram que é "necessário corrigir a situação atual, reconhecendo expressamente na legislação os direitos adquiridos dos engenheiros civis com títulos de formação obtidos em Portugal", como defende o Provedor de Justiça.