Ensino à distância. Psicóloga explica maiores desafios para professores e alunos
Depois de férias forçadas, as crianças e jovens iniciam, na segunda-feira, uma nova experiência de ensino à distância. Investigadora Célia Oliveira conta como o sucesso escolar é posto à prova.
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No ensino à distância pode não ser realista manter os mesmos objetivos que foram traçados para o ensino presencial. A psicóloga Célia Oliveira, investigadora na área da aprendizagem e memória, já chegou a uma conclusão.
"A aprendizagem, para ser duradoura e eficaz, deve assentar muito mais na qualidade do que na quantidade. Portanto, uma das questões que deve ser equacionada é, efetivamente, a questão da quantidade. Até que ponto é realista pretender para o ensino à distância os mesmos objetivos e a mesma quantidade de informação que está prevista para o ensino presencial?", explicou à TSF Célia Oliveira.
Por não existir um estudo sobre os efeitos do primeiro confinamento na qualidade das aprendizagens, Célia Oliveira adverte que corremos o risco de persistir no erro.
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"É preciso realizar um conjunto de adaptações, diversificar as modalidades de ensino e de aprendizagem. A própria interação entre professor e aluno está sujeita a um conjunto de constrangimentos diferentes daqueles que se colocam presencialmente", afirmou a psicóloga.
É necessário também garantir que todos têm as mesmas ferramentas para aprender.
"Temos muitas crianças e jovens que não têm equipamento informático adequado para ter ensino à distância e que não têm acesso à internet. É preciso cuidar dessas situações porque já percebemos que isto pode ser uma situação recorrente", alertou Célia Oliveira.
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O ano letivo volta a ser marcado pela incerteza e muitas crianças podem desaprender o que não ficou bem consolidado.
"Quanto maior foi o período de tempo em que as aprendizagens são, de algum modo, perturbadas, maior é o risco", sublinhou a psicóloga.
As crianças e jovens não são particularmente vulneráveis nem resilientes e, mesmo à distância, a socialização é importante.
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"Os jovens devem ter uma rede de suporte social entre os amigos que lhes permita partilhar experiências, estratégias para lidar com o confinamento, as dificuldades escolares e ter uma fonte de suporte emocional", lembrou Célia Oliveira.
A investigadora da área da memória acredita que esta crise poderá ser recordada, mais tarde, como um período desafiante, mas que foi ultrapassado com sucesso se os pais contribuírem para essa perceção.