A maioria das pessoas que circula na estrada tem uma justificação válida para o fazer e a GNR teve de mandar poucas pessoas para casa. Assim foi o dia em que as autoridades se anteciparam às 'fugas' às restrições mais fortes no período da Páscoa.
Corpo do artigo
Entrar na A1 em Lisboa, no sentido Sul-Norte, num veículo ligeiro, e passar a primeira estação de serviço, em Aveiras, sem ser fiscalizado é uma missão impossível na tarde e noite desta quinta-feira. A GNR tem montada uma operação de fiscalização que tem um objetivo muito claro: se não precisa de andar na estrada, volte para casa.
Ao aproximarem-se da estação de serviço, os condutores começam a abrandar devido à fila. Umas vezes é maior, outras vezes quase não existe, mas rapidamente se apercebem do que se trata. Os cones de trânsito laranja fecham a faixa de rodagem e só passam os veículos pesados, todos os outros são dirigidos para a própria estação.
TSF\audio\2020\04\noticias\08\ines_a_figueiredo_20_h
A fila contorna o edifício, os condutores preparam os documentos e já mais perto da saída, no espaço onde costuma ser o estacionamento, fazem-se filas de três carros. "Boa tarde, senhor condutor, estamos em estado de emergência, a que se deve a sua deslocação?". A pergunta repete-se vezes sem conta, por estas horas, pela voz dos vários guardas que estão no local.
De luvas e de viseiras, muitos pedem aos condutores que mostrem os próprios documentos, sem lhes tocar. As fiscalizações normais rondam um minuto, há quem traga tudo pronto e quem aproveite para dar dois dedos de conversa. Mas há muito trabalho pela frente. "Pode seguir caminho, com precaução, senhor condutor", dizem na hora da despedida.
12044987
Quem está na estrada por estes dias?
Entre os condutores mandados parar, há médicos, enfermeiros, técnicos hospitalares, o proprietário de uma empresa que faz gel desinfetante, construtores civis e até quem vá levar os hortícolas aos familiares lisboetas antes da Páscoa. Alguns simplesmente terminaram o trabalho na capital e vão regressar ao Norte antes que as medidas apertem. Muitos fazem parte dos que permitem que o SNS funcione e que o país não pare.
Longe dos microfones, fica registada a história de um curado da Covid-19 que, depois de um mês de quarentena, regressa a casa para voltar a estar com o filho.
"Foram poucos os que não tinham justificação"
O capitão António Maio não adianta números, mas assegura que "foram poucos aqueles que não apresentaram justificação para a circulação", o que leva a crer que "felizmente as pessoas estão a acatar as diretrizes". A maioria das pessoas circula por questões de trabalho e vem munida das declarações que a partir da meia-noite se tornam obrigatórias e imprescindíveis para a circulação.
Devido à Páscoa, "calculámos que era possível haver alguém a aproveitar que as medidas não estão ainda tão restritivas e aproveitassem hoje para fazer as deslocações". No caso das pessoas que viram a viagem terminar mais cedo, há patrulhas da GNR poucos quilómetros depois para que as ordens sejam cumpridas. "Daqui a dois quilómetros temos uma saída em Aveiras e garantimos que as pessoas saem da autoestrada e regressem à sua residência", explica à TSF.
Além da patrulha à saída da A1, o capitão António Maio refere que "há outras patrulhas nas restantes vias para controlar se essas pessoas regressam mesmo a casa".