Os partidos da oposição criticam, os da coligação aplaudem. As palavras do Presidente da República, no discurso em Lamego, dividem opiniões.
Corpo do artigo
Entre os que têm acento na Assembleia da República, o último partido a reagir foi o Bloco de Esquerda. Catarina Martins, a porta-voz do BE, afirma que Cavaco Silva "lançou a campanha do PSD e CDS" e lamenta que "com meio milhão de postos de trabalho destruídos, com salários cortados, pensões cortadas, com pobreza crescente, pobreza infantil crescente, Cavaco Silva não tem uma única palavra para as pessoas que mais sacrificadas foram nestes quatro anos, e pelo contrário, hoje aparece não como um Presidente da República, mas sim Aníbal Cavaco Silva a fazer um discurso para lançar a campanha eleitoral de PSD e CDS".
Pelo PS, Ferro Rodrigues foi quem reagiu ao discurso de Cavaco Silva. O líder parlamentar do Partido Socialista refere que "é estranho que não tenha feito qualquer referência à maior crise global que houve desde 1929".
Para o dirigente socialista faltou, também, uma referência às políticas que têm sido seguidas pelo governo, tanto mais que já foram criticadas no passado pelo Presidente da República. "Hoje parece que passou uma esponja. É muito mau sinal para um Presidente da República que vai ter de desempenhar um papel muito importante no período eleitoral e pós-eleitoral", rematou.
António Filipe, em nome do PCP confessa que ficou "chocado" com o discurso. Considera o deputado comunista que foi "colado ao da maioria governamental e de intervenção na campanha eleitoral, que se aproxima. Fiquei chocado". Para António Filipe, o Presidente da República "assumiu-se como um participante ativo nas políticas do governo".
Do lado do PSD, Luís Montenegro realçou duas perspetivas do discurso. Por um lado "mostrou gratidão e um reconhecimento justo ao povo, às famílias e às empresas portuguesas pela capcidade e pela tenacidade que denotaram nos últimos anos".
Por outro lado, ressalvou o líder da bancada parlamentar do PSD, Cavaco Silva, relativamente ao futuro, fez um discurso que "induz confiança e um apelo ao bom senso das escolhas no futuro para não desbaratar o esfoço feito".
O parceiro de coligação, Nuno Magalhães, fala num "discurso muito adequado ao Dia de Portugal". O líder da bancada do CDS/PP frisou que foi um discurso "mobilizador e de esperança". Nuno Magalhães dis, por isso, que está "muito de acordo com o que disse o Presidente da República ao nível dos objetivos económicos". Considera que os caminhos apontados por Cavaco Silva " são muito importantes".