Entrevista TSF a Marinho e Pinto: «Populismo da ministra apoia corporativismo da PGR» (vídeo)
António Marinho e Pinto, antigo bastonário da ordem dos advogados, faz duras críticas à atuação do ministério público, do juiz Carlos Alexandre, e da ministra Paula Teixeira da Cruz, no caso Sócrates. Em entrevista à TSF e garantindo que decidiu criar o Partido Democrático Republicano para tentar melhorar o sistema, Marinho e Pinto mantém que é capaz «de fazer alianças com o diabo se for útil ao povo».
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Em entrevista à TSF, Marinho e Pinto afirma que a Procuradora-geral da República teve uma reação corporativa ao artigo da advogada Paula Lourenço (representa Carlos Santos Silva, e Gonçalo Trindade Ferreira) no boletim da Ordem dos Advogados - um exercício de suposições que sugere uma série de violações às regras e às garantias dos arguidos, por parte do MP, na detenção e interrogatório dos seus constituintes.
O antigo bastonário confessa que «esperava que a Dr.ª Joana Marques Vidal tivesse outra sensibilidade para estas matérias», e que a PGR «está apoiada num discurso político que tem forte consolidação neste governo». Aliás, Marinho e Pinto diz que a ministra da Justiça «não tem feito outra coisa, unicamente pelo mais primário populismo, pela mais primária demagogia política».
O líder do PDR, partido recém-legalizado pelo Tribunal Constitucional, afirma ainda que não põe «as mãos no lume por José Sócrates, nem por nenhum político», mas considera que as regras do Estado de Direito devem ser cumpridas. Marinho e Pinto defende que o antigo primeiro-ministro «não devia estar preso», e que em Portugal prende-se para investigar, em vez de se investigar para prender - «prende-se para a comunicação social, chamam-se as câmaras de televisão, faz-se um circo mediático», num estado de coisas que é, na opinião de Marinho e Pinto, «a grande degenerescência da justiça portuguesa».
Garantindo que decidiu criar o Partido Democrático Republicano para tentar melhorar o sistema, Marinho e Pinto mantém que é capaz «de fazer alianças com o diabo se for útilao povo» - uma frase dita no Fórum TSF no início de Outubro -, e afirma agora que «se um desses diabos» aceitar um acordo com o PDR, a TAP jamais será privatizada. Aliás,o líder do PDR sublinha que, «tal como algumas nacionalizações não foram irreversíveis, algumas privatizações também não o serão», abrindo a porta a eventuais processos de «renacionalização» de antiga empresas públicas, como a REN ou os CTT.
Marinho e Pinto assegura que o PDR pretende a defesa do Estado Social, com a manutenção de mínimos de qualidade nas funções sociais do Estado, e a sustentabilidade a ser conseguida através de cortes na despesa com «a voracidade das gigantescas clientelas partidárias». Quanto à questão da dívida pública, Marinho e Pinto defende que Portugal deve tentar renegociar as condições de pagamento e gestão da dívida, mas afirma que «o devedor deve ser humilde», e critica a «arrogância retórica e panfletária de pessoas para quem o dinheiro parece que nasce do chão, e dizem que não querem pagar».