"Epidemia de crises políticas." PSD exige debate urgente com Costa e explicações de Medina
Paulo Rangel diz que a demissão de Pedro Nuno Santos não encerra o caso que envolve Alexandra Santos e a TAP. O ministro das Finanças e o primeiro-ministro são desafiados a dar explicações.
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Para o vice-presidente do PSD, Paulo Rangel, "só há um responsável" pela crise política no Governo socialista: "o seu líder". E "desta vez" não se pode desculpar com a geringonça.
Por esse motivo, os sociais-democratas vão "exigir ao primeiro-ministro uma explicação cabal Assembleia da República já na próxima semana".
Paulo Rangel quer que seja António Costa - "o próprio em pessoa" - a "representar o Governo no debate que, com urgência o PSD vai requerer de imediato".
"E que seja finalmente capaz de assumir as suas responsabilidades", apela: "Senhor primeiro-ministro, o tempo não é se esconder, o tempo é de responder."
Em conferência de imprensa no Porto, Na sequência da demissão do ministro das Infraestruturas e da Habitação, Paulo Rangel defendeu que a saída de Pedro Nuno Santos não encerra a polémica que envolve Alexandra Reis.
"A história do valor da indemnização ainda está por explicar" e é preciso "mais esclarecimentos" sobre o que o Governo sabia exatamente.
Sobretudo, aponta o vice-presidente do PSD, "o ministro das Finanças tem muito que explicar", já que foi o responsável pela entrada de Alexandra Reis no Governo por "escolha pessoal".
"O ministério das Finanças tem respostas a dar", reforça.
O Governo "apresentou a TAP como absolutamente estratégica para o interesse nacional", no entanto a companhia aérea está constantemente associada a "escândalos e tanta errância de decisões e de nomeações", condena Paulo Rangel.
Autoridade de Costa "sai fortemente abalada"
Paulo Rangel acusa a maioria absoluta de António Costa de constituir "um fator de enorme instabilidade e total paralisia para o país", descrevendo o que diz ser uma autêntica "epidemia de crises políticas no Governo".
As demissões no Executivo são "sinal da degradação política a que o Governo da maioria PS chegou", considera. "A falta de rumo de coordenação e até de liderança política é gritante. A autoridade e a credibilidade política do primeiro-ministro saem fortemente abaladas desta onda de crises."
"O Governo e o primeiro-ministro perdem autoridade política e moral", atira. "Numa altura em que o país enfrenta dificuldades associadas à inflação, o Governo desfaz-se em guerras de alecrim e manjerona."
"Quando as crises se sucedem a este ritmo e com esta gravidade num Governo tão recente, já não estamos perante uma estranha coincidência de caso a caso. Não nos venham mais falar de casos e casinhos como se fossem epifenómenos. Hoje há uma constante, há um padrão de instabilidade na governação socialista. Há um problema estrutural de deterioração, degradação e até definhamento do Governo", considera Paulo Rangel.
"Não se trata agora de casos, trata-se mesmo de vícios originais. Vícios que, naturalmente, porque são da origem, só podem sacar" se António Costa assumir "a sua evidente incapacidade para liderar o seu terceiro Governo".
"Num momento tão duro e exigente em que os portugueses tanto sofrem e tem tantos motivos de preocupação e até da angústia, temos um governo paralisado", condena Rangel, acusando ainda António Costa de fazer do Governo "uma máquina de equilíbrios partidários do PS: os ministérios foram pensados para os ministros e não foram os ministros que foram escolhidos para os ministérios."
"E por isso assistimos a truques, habilidades e trapalhadas", incluindo "o expediente bizarro, para não dizer ridículo, de passar a anunciar as demissões depois da meia-noite", condena.
Questionado a propósito da moção de censura ao Governo anunciada pela IL, Rangel não revelou o sentido de voto dos deputados do PSD e disse mesmo que "deve ser o Governo a apresentar uma moção de confiança".
"Se o Governo sentir que precisa da confiança da Assembleia da República, deve pedir uma moção de confiança e nós estaremos preparados para dar a nossa resposta no parlamento e no momento certo. O que estamos, como oposição, a fazer é obrigar o Governo a governar. É chama-lo à responsabilidade. Somos pela estabilidade. Se o Governo quiser desistir e se o primeiro-ministro já não tiver energia, nem capacidade, nós estamos prontos", sublinhou.