Líder social-democrata garante que o acordo para formar Governo nos Açores ficou no arquipélago.
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O líder do PSD, Rui Rio, garantiu esta quarta-feira que é "impossível o PSD fazer um Governo com a participação da extrema-esquerda e da extrema-direita", especificando que nele "nunca entrariam o PCP, o BE e o Chega". Mas admite eventuais acordos parlamentares com estes partidos se pedirem "aquilo que está perfeitamente coerente e coincidente" com o programa social-democrata.
A posição foi assumida em entrevista à TVI, no seguimento da polémica gerada pelo acordo entre PSD e Chega que permitiu a viabilização de um Executivo nos Açores.
O representante da República nos Açores "exigiu preto no branco um suporte parlamentar", explica Rui Rio, algo que não foi conseguido pelo PS/Açores e que acabou por abrir caminho ao PSD açoriano para procurar uma solução governativa.
Essa solução foi encontrada junto do Chega que, para tal, fez quatro reivindicações com as quais Rio diz concordar.
A primeira é a de reduzir a "subsidiodependência nos Açores", descreve Rio. "Eu estou a dar a cara, estou de acordo", revela, sobre o objetivo de reduzir o número de pessoas que "vivem de um subsídio do Estado", sublinhando a necessidade de criar emprego.
Podem trabalhar "e não querem"
Além dessa redução, "é preciso fiscalizar melhor quem está com o rendimento mínimo", acrescentou Rio, que alertou para a hipótese de haver pessoas que podem trabalhar "e não trabalham porque não querem".
A segunda reivindicação é a de "combater a corrupção", com a qual Rio diz também concordar. Seguiu-se uma "proposta de redução do número de deputados regionais", que também colhe o apoio do líder do PSD. A última reivindicação é o reforço da autonomia, "que aparece sempre".
O líder social-democrata garantiu também que nunca se encontrou com André Ventura para discutir qualquer acordo nacional. De acordo com Rio, o Chega enviou ao PSD - para saber se não seria "desmentido" - um comunicado que poderia dar "eventualmente" a entender a existência de um acordo nacional entre os partidos. Rio não concordou com o conteúdo do documento, que acabou por ser alterado, tendo o processo ficado entregue ao líder parlamentar social-democrata, Adão Silva.
"Acertou aquilo já não sei como, aquilo veio para fora como todos nós conhecemos e não se viu o PSD a desmentir nada", sublinhou.
Sem esquecer as declarações de António Costa, que acusou o PSD de ter ultrapassado "linhas vermelhas" ao conversar com o Chega, Rio acusa o secretário-geral do PS de ter traçado, também ele, uma linha vermelha "ao centro".
"Não parece fácil" que Costa chegue ao fim da legislatura
O primeiro-ministro "está totalmente nas mãos do Partido Comunista", considera, algo que garante que nunca aconteceria entre PSD e Chega.
Rio foi mais longe ao admitir que António Costa pode não conseguir terminar o mandato e que está mais próximo de vir a ser primeiro-ministro, lugar a que disse não querer chegar de "qualquer maneira".
O social-democrata reiterou o voto contra do PSD na votação final do Orçamento do Estado e até admitiu que uma gestão em duodécimos poderia ser preferível a um documento "piorado" pelo PCP e BE.
"É um problema, mas deixe-me dizer que um Orçamento como está e como pode vir a sair [da especialidade], não sei se não é pior", afirmou.
Questionado então se considera preferível um cenário de eleições antecipadas, o líder do PSD fez questão de separar os planos, mas disse duvidar da estabilidade da legislatura.
"Da maneira como estou a ver, não me parece fácil que a legislatura vá até ao fim", afirmou, apontando divisões ao nível do apoio parlamentar e até no Governo.
E à pergunta se tal significa que se considera mais próximo de vir a ser primeiro-ministro, respondeu afirmativamente:" Sim, isso acho que sim".
"Não quero chegar a primeiro-ministro de qualquer maneira. Se ao longo deste tempo for prometendo o impossível, quando chegar a primeiro-ministro já estou diminuído", disse.