Eunice Muñoz recorda o dia em começou a trabalhar com Nicolau Breyner. O Presidente da República fala num amigo muito feliz e caloroso. Leia as reações à morte do ator.
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Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República
"Acabei de saber que morreu Nicolau Breyner e tive um grande desgosto. Um grande desgosto não só por ser um grande artista, um grande coração e um grande amigo. Quero saudar uma carreira e uma vida culturalmente e humanamente muito rica".
"Tinha estado com ele há dois dias na Livraria Sá da Costa na inauguração de uma exposição ao fim da tarde e parecia-me de saúde, como sempre muito feliz, muito caloroso, muito amigo. Eu não podia prever este desenlace".
"Éramos amigos há décadas e estivemos juntos desde os anos 60. Nicolau Breyner era uma grande figura, como artista, com um grande coração como pessoa e como amigo".
Eunice Muñoz, atriz
"Estou muito perturbada. Era um amigo de longa data, fez a primeira peça comigo quando era um rapazinho acabado de sair da escola, numa peça chamada Leonor Teles. Ele fazia de soldado e era tão brincalhão que eu estava sempre a pedir-lhe para não me divertir tanto porque eu precisava de estar muito séria", contou a atriz à TSF revelando surpresa pela morte.
António Pedro Vasconcelos, realizador
Nicolau Breyner era "um ator único", ao nível dos melhores do cinema francês ou de Hollywood, e uma pessoa "muito divertida", disse à TSF António Pedro Vasconcelos que realizou cinco filmes em que Nicolau Breyner entrou.
Um deles, Os Imortais, foi especial: "escrevi os Imortais a pensar nele, foi o único filme da minha vida que escrevi a pensar num ator", disse António Pedro Vasconcelos.
O realizador revela-se chocado com a morte de Nicolau Breyner, "uma pessoa muito divertida, sempre com uma história e uma piada", e extremamente surpreendido: "não tinha nenhuma notícia que ele estivesse mal. Ele transpirava vitalidade e boa disposição. Só se consegue imaginar o Nico vivo."
António Costa, primeiro ministro
"Um extraordinário ator. Nos últimos anos, um grande realizador. Para além disso, um amigo. Deixa um vazio imenso no teatro, no cinema, na novela em Portugal. Devemos a ele alguns dos mais notáveis papéis representados em Portugal. Um dos grandes momentos de humor em que ela era absolutamente exímio, desde a critica politica à critica de costumes. É uma grande perda para todos nós e para mim, uma grande tristeza".
Francisco Moita Flores, argumentista
"Perdi um grande amigo, mas também perdemos um dos maiores atores portugueses de todos os tempos. O país hoje fica muito mais pobre. A arte da representação perdeu um dos maiores ícones produzidos e criados em Portugal e representando em Português".
Herman José , ator
"Perdi um irmão e um amigo. Não imagino vida mais útil e mais profícua, a minha gratidão será eterna".
Vítor de Sousa, ator
"É uma grande perda que sinto. Era um homem de qualidades extraordinárias, um homem e um amigo, tudo escrito a maiúsculas (...) Comecei a amar o Nico enquanto espetador, ver as comédias que ele fazia, e depois ficámos amigos, quando fizemos o primeiro trabalho juntos, a telenovela 'Vila Faia'".
Vítor de Sousa considera Nicolau um ator "fabuloso" e um ser humano de qualidades "extraordinárias", recordando o lado "divertido, humorado e do homem de fé", que definiam Nicolau Breyner.
Joaquim Leitão, realizador
"Era um ator completo e uma pessoa afável e apaixonada pela vida. Foi um dos atores com quem mais gostei de trabalhar, porque tinha um talento natural e fazia tudo com enorme facilidade. Apesar de ser uma figura muito conhecida e com uma grande carreira, nunca foi arrogante".
O presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, manifestou hoje a sua "enorme consternação" com a notícia da morte de Nicolau Breyner, considerando que o país perdeu "um dos seus melhores criadores".
Eduardo Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República
"O país perde um dos seus melhores criadores, um ator absolutamente extraordinário nos mais diversos registos e um humorista revolucionário. Um homem de reconhecida independência que faz parte da minha vida desde os meus 20 anos, quando nas eleições de 1969 nos cruzamos no apoio à CDE".
Rita Blanco, atriz
"Gostava tanto do Nico, que é só [afirmar] que me curvo, em homenagem ao pioneiro, que, para além disso, estava sempre disponível para as pessoas. "Quando ele morre, morre mesmo uma pessoa da nossa família, porque nós, apesar de tudo, com todos os defeitos, somos uma família, que é a dos palhaços, e ele era mesmo um dos chefes desses".
Alina Vaz, atriz
"Nicolau Breyner era um excelente colega, brincalhão, criativo em cena e seguro. Não é possível, neste momento, dizer algo com nexo, esgotam-se-nos as palavras, ele era extraordinário, multifacetado e muito criativo (...) Fiz com ele duas digressões nacionais, e foi sempre um companheiro, um belíssimo ator, que sabia bem o que queria e tinha o instinto de seguir os seus objetivos".
Ana Zanatti, atriz
"Foi uma perda muito grande para todos, não apenas para família e amigos. O Nicolau era um ótimo ator que o grande público se habituou a ver ao longo de muitos anos, não só no teatro, como também na televisão, pelo que o público se habituou a vê-lo quase como família".
Simone de Oliveira, cantora e atriz
"Foi o grande estroina, no bom sentido da palavra, que adorava uma boa gargalhada. Foi um ator de comédia muito completo e tão verdadeiro, foi excelente ator de cinema e realizador. Conheci-o há 50 anos, e guardo dele a amizade, a ternura, o respeito, o bom colega, o homem louco, apaixonado (...) Perde-se um grande homem da cultura, um ator, um diretor de atores, uma pessoa com grande sensibilidade, que não foi um grande cantor, porque não quis, chegámos a fazer os dois uma peça em que ambos cantávamos, eu tinha 25 e ele, 23 anos (...) era um colega extraordinário, incapaz de uma maldade, de uma coisa feia, foi um bom vivant durante a vida toda".
Maria do Céu Guerra, atriz
"Era uma pessoa muito inteligente, culta, com um talento extraordinário para interpretar tudo o que lhe era pedido. Tinha o poder da leveza, de desdramatizar os problemas, e era contagiante, na vida e em palco. Ultimamente andava triste, mas fazia tudo para não transparecer. Todos os dias falávamos intensamente em novos projetos - um para a televisão e outro para o teatro - e estávamos muito entusiasmados. Fico imensamente triste e não vou falar desses projetos, vão ficar só entre nós dois".
Filipe La Féria, encenador
"É uma perda irreparável para o teatro português. Nicolau Breyner gostava muito de viver e de rir. Foi um amigo e um grande ator.