Escolas privadas voltam a destacar-se no ranking. Médias dos colégios mais altas nos exames nacionais e notas internas
Com base nos dados fornecidos pelo Ministério da Educação, a primeira escola pública surge na posiçao 39
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As escolas privadas voltam a destacar-se no ranking. Com base nos dados fornecidos pelo Ministério da Educação, a primeira escola pública surge na posição 39. A lista contém cerca de 540 estabelecimentos escolares e, de acordo com a análisa da agência Lusa, o ensino privado mantém as médias mais altas e, por isso, ocupa os primeiros lugares da tabela.
As notas atribuídas pelos professores aos alunos dos colégios são habitualmente mais elevadas do que nas escolas públicas, mas nos exames nacionais os estudantes do ensino privado também têm melhores resultados.
Num universo de 500 escolas públicas e privadas, não há nenhum estabelecimento de ensino onde a média das notas dos seus alunos nos exames nacionais seja superior à média das notas atribuída pelos professores pelo trabalho realizado ao longo do ano, segundo uma análise feita pela Lusa aos resultados obtidos no ano letivo de 2022/2023.
No entanto, existem escolas onde essa diferença é mais ténue, destacando-se o Colégio Bartolomeu Dias, em Loures, com uma diferença de 0,24 valores (numa escala de zero a 20) entre a média nos exames nacionais do ensino secundário (14,85 valores) e as notas internas (15,09).
Este colégio de Loures surge em 7.º lugar do ranking geral realizado pela Lusa, que ordenou as escolas por melhores resultados nos exames nacionais, sendo que os lugares seguintes são ocupados por outros colégios também com bons resultados nos exames nacionais e pouca diferença em relação às médias internas.
Entre os 20 estabelecimentos de ensino com menor diferença aparecem apenas duas públicas: a Escola Secundária de Vouzela, em Viseu, e a Escola Básica e Secundária Henrique Sommer, em Maceira, distrito de Leiria.
A secundária de Vouzela destaca-se também por voltar a ser, pelo segundo ano consecutivo, a escola pública com melhores resultados médios nos exames nacionais, com uma média de 13,23 valores. A nota média interna dos alunos daquela vila beirã do interior foi de 14,65 valores (uma diferença de 1,42 valores).
Analisando os resultados dos alunos das 424 escolas públicas e das 76 privadas, verifica-se que as notas médias foram mais altas nos colégios: nos exames, a diferença foi de 1,53 valores e nas notas internas foi de 0,96 valores.
Nos exames nacionais, a média dos alunos dos colégios foi de 13,02 valores enquanto nas escolas públicas foi de 11,49 valores. Já a média das notas dadas pelos professores pelo trabalho realizado ao longo do ano foi de 15,87 valores nos colégios e de 14,91 valores nas públicas.
Por outro lado, olhando para a lista das 20 escolas com maiores diferenças entre as notas internas e exames nacionais, surgem três colégios: Externato Académico, no Porto; Didáxis - Riba de Ave, em Vila Nova de Famalicão; e Real Colégio de Portugal, em Lisboa.
Os dados disponibilizados pelo ministério da Educação mostram ainda que são várias as escolas em que a média nos exames nacionais foi negativa, mas a nota interna atribuída pelos professores ficou acima da média nacional.
Numa pesquisa pelas escolas com maiores diferenças entre as notas internas e os exames nacionais destaca-se a Básica e Secundária de Santo António, Barreiro: A média interna foi de 15,76 valores, mas nos exames a média desceu para 9,18.
A diferença de 6,58 valores colocou a escola do Barreiro em 1.º lugar da lista com maiores discrepâncias, seguindo-se o Externato Académico (5,99 valores de diferença) e a Escola Secundária da Baixa da Banheira, Vale da Amoreira, Moita (5,97 valores de diferença).
Nesta lista, existem 16 escolas com uma diferença entre as duas médias acima de cinco valores e 80 escolas com uma diferença acima de quatro valores, das quais oito são colégios (10%).
O presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, Filinto Lima, defendeu em declarações à TSF que é "redutor" comparar espaços de ensino que "estão em contextos socioeconómicos muito diferentes" entre si.
No ano passado, à semelhança do que tem vindo a acontecer desde a pandemia de Covid-19, em 2020, apenas os alunos que pretendiam candidatar-se ao ensino superior realizaram exames nacionais, já que ficou suspensa a obrigatoriedade de realizar exames para conclusão do ensino secundário.
Governo admite que rankings apresentam limitações, mas devem ser vistos como mais-valia
O secretário de Estado Adjunto e da Educação, Alexandre Homem Cristo, admite que os rankings apresentam limitações, mas ainda assim defende que devem ser vistos como uma mais-valia.
No entender do secretário de Estado, os rankings têm o potencial de revelar "pistas para perguntas" sobre como melhorar as aprendizagens e o trabalho das escolas e os dados de contexto permitem melhorar essa avaliação e "comparar o que é comparável".
Além do indicador de equidade, introduzido pelo anterior executivo e que acompanha os alunos carenciados ao longo de cada ciclo olhando para quantos conseguiram conclui-lo no tempo esperado, este ano o Ministério da Educação, Ciência e Inovação divulgou também dados sobre alunos estrangeiros e sobre as escolas inseridas em territórios educativos de intervenção prioritária (TEIP).
"Todos esses indicadores são importantes, não só para diagnosticar problemas mas também para não cairmos em falsos diagnósticos de problemas", sublinhou o governante.
Alexandre Homem Cristo alertou também para a necessidade de "saber ler" os 'rankings' e questionado sobre a pertinência de comparar, por exemplo, os resultados dos exames nacionais do ensino secundário de ano para ano, quando as provas são sempre diferentes, explicou que o objetivo é sempre manter um nível de dificuldade semelhante, mas "a comparabilidade tem limitações".
"Vemos que quando as médias dos alunos oscilam um valor, para cima ou para baixo, há sempre a ideia de que os alunos poderão ter melhorado ou piorado na proporção daquele valor, o que é uma ideia enganadora porque, lá está, as avaliações nem sempre são comparáveis", justificou.
Ainda assim, insiste na utilidade destas listagens e sublinha a vantagem de desafiar "toda a sociedade civil a fazer as análises que considera mais pertinentes. Com essa riqueza de análises é que nós tiramos os diagnósticos", concluiu.
