Na sequência da operação Influencer, volta a ser discutida a necessidade de regular esta atividade. A TSF falou com um professor especialista nesta área.
Corpo do artigo
O professor da Universidade Católica João Simão, que estuda o fenómeno do lobby há mais de dez anos, considera fundamental que esta atividade seja regulamentada.
Na sequência do processo Influencer, a maioria dos partidos com assento parlamentar já veio abrir a porta à criação de uma lei na próxima legislatura.
Para este investigador da Faculdade de Ciências Humanas da Católica, contribui para a conotação negativa que a atividade tem junto da opinião pública e alimenta uma opacidade indesejável.
TSF\audio\2023\11\noticias\15\joao_simao_1
"Quando pensamos o lobbying regulamentado com regras e feito numa forma ética, falamos na possibilidade de uma empresa, ou uma agência de comunicação, ou de um escritório de advocacia, poder exercer influência junto do poder político. Isso implica que, um dia, qualquer pessoa possa ter acesso a com quem é que se falou, ou quem falou com quem quando tomamos uma determinada decisão, ou quando legislamos num determinado sentido. Não vejo perigos na atividade em si, mas sim na forma como ela é desempenhada sem estar regulamentada", afirmou à TSF.
João Simão, coordenador da pós-graduação em Comunicação Estratégica e coordenador da pós-graduação em Comunicação, Gestão de Assuntos e Cidadania Organizacional, não vê com bons olhos criar uma lei na sequência de um caso mediático e polémico como o processo Influencer. O tema pede tempo e serenidade.
TSF\audio\2023\11\noticias\15\joao_simao_2
"Associar a regulamentação da atividade acaba por não ser muito benéfico aos olhos de quem a pratica de uma forma transparente e ética. Para uma boa regulamentação, a lei precisa ser bem pensada e não, apenas, no calor do momento."
Apesar da intenção manifestada por quase todos os partidos, para avançarem com uma lei que regulamente o lobby, este professor auxiliar da Universidade Católica Portuguesa não dá como certo que o assunto seja resolvido na próxima legislatura.
TSF\audio\2023\11\noticias\15\joao_simao_3
"Depende muito, sobretudo, dos dois partidos mais votados e da definição do que é lobby, quem pode exercer e qual o código de conduta da atividade".
TSF\audio\2023\11\noticias\15\joao_simao_4_curto
Apesar da manifestação dos partidos, de dar, finalmente, um passo em frente, João Simão considera que conotação negativa que a atividade tem, leva a que muitos dos seus praticantes não queiram uma lei e porque isso vem, também, criar regras que agora são inexistentes.