Especialista em segurança diz que "é preciso haver um conjunto de anomalias" para que SGMAI fosse assaltada
Francisco Rodrigues explica à TSF que quando há obras em edifícios contíguos deveria ter feito com que houvesse "cuidados acrescidos" de segurança
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Francisco Rodrigues, coronel da GNR na reforma e especialista em segurança, considera que tem de ter falhado muita coisa para que o assalto à Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna tenha sido assaltada e espera que haja uma reflexão depois do acontecimento.
"É preciso haver um conjunto de anomalias dos sistemas, das preocupações, dos cuidados, para poder ser proporcionado um furto com aquelas características, isto é, analisando a distância sem conhecer os pormenores", disse Francisco Rodrigues à TSF.
As câmaras de vigilância do edifício terão falhado, mas o especialista em segurança considera que o sistema tem de ter outros complementares: "Aquilo que vocês, órgãos de comunicação, têm difundido diz só que as câmaras do CCTV não estavam a funcionar. Ora bem, o sistema pode não estar a funcionar porque não está a operacional, pode não estar a funcionar por não está devidamente instalado. O CCTV, só por si, não resolve absolutamente nada se não houver alguém que possa responder a um qualquer evento que está a ser visionado através do CCTV. Embora, quer dizer, o CCTV, só, numas instalações, sejam elas quais forem, principalmente instalações que tenham algumas preocupações acrescidas de segurança, é evidente que têm de ter outros sistemas complementares. Tem de ter controle de acesso, tem de ter outro tipo de sistemas que permitam pelo menos dar alarme se houver uma entrada indevida num determinado espaço."
Para o coronel da GNR na reserva, o facto de haver obras no edifício ao lado deveria ter feito com que os procedimentos de segurança tivessem de ser reforçados.
"Quando isto acontece, tem de haver cuidados acrescidos do ponto de vista de tudo aquilo que são acessos que estão a coberto de equipamentos de segurança e que, porventura, no momento em que estão trabalhos, quer no próprio edifício, quer em edifícios contíguos, todas as entradas que sejam facultadas por esse acesso devem estar devidamente cuidadas. Basta ter havido uma janela que não ficou bem fechada, basta ter havido uma porta de uma varanda que não tenha ficado bem fechada, para que alguém assim um pouco mais atento possa ter percebido que era por ali que iam entrar facilmente. Portanto, as pessoas que efetuaram aquele furto com certeza que não iam a passar e lembraram-se de escalar o prédio", argumenta.
Francisco Rodrigues defende que o assalto foi planeado e espera que os oito computadores que foram levados estejam protegidos: "Todos os equipamentos informáticos terem sistemas de proteção, nem que seja a simples password de acesso, nem que seja a encriptação de alguns ficheiros, e ter aquilo que é o mais importante num servidor e não estar, digamos assim, no disco rígido dos equipamentos. E espero que isso tenha acontecido e espero que, de facto, que a informação, se foi esse o propósito do furto, que possam que possam vir a retirar, espero que não retirem, que não tenha importância, digamos assim, crítica."
O caso foi entregue à divisão de investigação criminal da PSP, mas Francisco Rodrigues acredita que chegará à Polícia Judiciária.
"O agente da PSP constatou o reboliço, se me permite a expressão, que estava nas salas, portanto, a remexida que estava nas salas e deve ter chamado com certeza os colegas, dado o alerta à estrutura. Eu acredito que a Judiciária naturalmente irá ser chamada ao processo. Quero acreditar que sim", explica.
O povo diz que "casa roubada, trancas à porta" e o coronel da GNR na reforma espera que este crime tenha servido para que se faça uma reflexão sobre a segurança deste tipo de edifícios.
"Eu quero acreditar que vai pelo menos levantar a possibilidade de ser analisado e revistos alguns procedimentos de segurança relativamente a algumas instalações. Mas isso com certeza que os responsáveis setoriais, dos vários ministérios, do próprio Ministério da Administração Interna, tem pessoas competentes para fazer essa análise e para tomarem, digamos assim, os procedimentos que entenderem por bem tomar. Eu quero acreditar que isso possa levar a uma reflexão e deve levar, no fundo, deve levar a uma reflexão. Eu pelo menos faria", conclui