Especialistas pedem prioridade na vacinação para pessoas com doença mental grave
Dados mostram que risco de morte por Covid-19 nos doentes mentais graves ultrapassa até o de pessoas com insuficiência cardíaca ou doença coronária
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O Colégio de especialidade de Psiquiatria da Ordem dos Médicos defende a prioridade na vacinação de pessoas com doença mental grave. Num documento enviado ao bastonário da Ordem dos Médicos, a que a TSF teve acesso, os psiquiatras defendem que as pessoas com formas graves de doença mental, como as perturbações psicóticas, apresentam pior estado de saúde geral e são mais vulneráveis aos efeitos da pandemia de Covid-19.
Um estudo feito os Estados Unidos, que envolveu mais de 60 milhões de pessoas, verificou haver maior risco de hospitalização e de morte por Covid-19 entre pessoas com esquizofrenia.
Os dados mostram que, em comparação a outros fatores de risco, o diagnóstico de esquizofrenia
é apenas ultrapassado pelo fator idade, em termos de mortalidade.
É a este estudo que o Colégio de especialidade de Psiquiatria recorre para pedir prioridade na vacinação para pessoas com doença mental grave.
Ouvido pela TSF, o presidente do Colégio de Psiquiatria da Ordem dos Médicos, António Reis Marques, explica que as pessoas com estas patologias são mais vulneráveis aos efeitos da pandemia.
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Numa carta enviada ao bastonário e ao Conselho Nacional da Ordem dos Médicos, os psiquiatras defendem que é tempo de o Serviço Nacional de Saúde (SNS) colocar as pessoas com perturbações psicóticas como a esquizofrenia como prioritárias na vacinação, alegando até um imperativo ético na luta contra o estigma que a doença mental enfrenta.
O colégio da especialidade refere também o caso da Dinamarca, que inicialmente não abarcou as doenças mentais graves como prioritárias na estratégia de vacinação, mas que já reconsiderou essa decisão, depois de um estudo feito no país indicar a maior vulnerabilidade destes doentes à Covid-19.
Os dados mostram que, em termos de risco de morte, estes pacientes ficam à frente de outras patologias, como a insuficiência cardíaca ou a doença coronária, e são apenas ultrapassadas por doentes com antecedentes de transplantação.
O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, afirma estar solidário com o apelo feito para que este grupo de doentes seja encarado como prioritária na vacinação.
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Também a FamiliarMente, a Federação Portuguesa das Associações das Famílias de Pessoas com Experiência de Doença Mental, considera importante que o colégio de Psiquiatria tenha avançado com este apelo para a vacinação prioritária de pessoas com doenças mentais.
Joaquina Castelo, presidente da direção, sublinha, no entanto, que desde outubro têm sido feitas diligências junto do Conselho Nacional de Saúde e da Task Force nesse sentido, e que os casos mais graves e institucionalizados já começaram a receber a vacina.
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Notícia atualizada às 11h57