Homenageado na Escritaria, em Penafiel, Manuel Alegre quis trocar a ordem ao festival. ""Eu estou aqui é para homenagear esta iniciativa."
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Manuel Alegre é o homenageado da edição 2019 da Escritaria e vê o festival com um olhar de esperança: a de que pode ajudar a fazer nascer novos autores e novos leitores. Em entrevista à TSF, o escritor optou por devolver a homenagem à cidade de Penafiel, onde decorre o festival.
"Traz um autor vivo, põe-no em contacto com as pessoas, põe a obra na rua, pendurada na parede e em painéis. É algo de singular." Manuel Alegre, que é o alvo da homenagem, troca então as voltas ao festival. "Eu estou aqui é para homenagear esta iniciativa, a cidade e a câmara de Penafiel pelo contributo que estão a dar à difusão e divulgação da literatura."
Aos 83 anos, e depois de uma carreira como escritor, político e até atleta, Manuel Alegre foi questionado sobre se é possível estar reformado. A primeira resposta foram as gargalhadas.
A segunda foi a de quem "tem mais tempo" para si e para "ler ou não ler". E a terceira foi a de continua "atento ao mundo".
"De vez em quando indigno-me. De vez em quando escrevo um artigo. Dou uma pequena entrevista ou deixo cair uma frase. E isso ainda vai tendo algumas consequências."
Manuel Alegre, o poeta da liberdade e da indignação - como é tantas vezes chamado -, admite que nunca se resignou e nunca se conformou. Espera o mesmo do Governo que este sábado toma posse: que "não se resigne a uma nova normalidade".