O PS considera que o gesto alemão é uma boa notícia, o PCP, pelo contrário, fala num presente envenenado.O Bloco confessa espanto com a resposta do ministro Vítor Gaspar.
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O líder socialista, António José Seguro, considera que a resposta do ministro Vítor Gaspar ao seu homólogo alemão resulta numa discrepância com o que tem sido o discurso do Governo, de que Portugal não precisará nem pedirá uma renegociação do entendimento com a troika.
Em entrevista, esta noite, à RTP, o secretário-geral do PS frisou, no entanto, que a disponibilidade alemã é positiva.
«É uma boa notícia e como sabe eu fui o primeiro político em Portugal a defender que o país necessitava de mais um ano para consolidar as suas contas públicas. Tenho pena é que assuntos tão sérios sejam tratados em conversas como aquelas a que tivemos oportunidade de assistir na televisão», contestou.
Quanto ao conteúdo da resposta de Vítor Gaspar, o líder do PS considerou que «o senhor primeiro-ministro tem dito que não e agora assistimos ao ministro das Finanças dizer que seria apreciado o prolongamento do prazo. Não se compreende que um Governo, perante os sacrifícios que estão a ser pedidos aos portugueses, esteja às escondidas a conversar com o Governo alemão. Acho que o primeiro-ministro tem de dar explicações».
A TSF registou a reacção do Bloco de Esquerda. O deputado Pedro Filipe Soares ficou surpreendido porque o ministro das Finanças revelou pela primeira vez abertura para quadro que permitirá o crescimento económico.
«O Governo nunca o quis ver e é agora uma novidade que o ministro das Finanças tenha este passo de diálogo e até de abertura para alguma política para o crescimento, quando na prática tem medida, atrás de medida, deitado por terra toda e qualquer ideia de crescimento económico no nosso país. Logo veremos quais são as consequências práticas destas conversas», comentou.
Pelo PCP, o deputado Agostinho Lopes diz que há razões para desconfiar desta oferta porque a disponibilidade alemã pode implicar novas medidas de austeridade, considerando ainda que o agradecimento de Vítor Gaspar contraria Pedro Passos Coelho.
«Tendo em conta o que Pedro Passos Coelho andou a dizer estes últimos dias, julgo que ele neste momento deve estar sem língua. Mas devo dizer que a oferta do ministro alemão não é boa oferta para o povo português, é a perspectiva de mais austeridade, agravamento das condições de vida do povo português e, provavelmente, de um terceiro programa de reajustamento», alertou.