Esquerda rejeita Montijo. BE diz que Governo "condicionou" agência do ambiente
Bloco de Esquerda, PAN, PCP e PEV não ficaram satisfeitos com o parecer favorável, ainda que condicionado, para a construção do aeroporto do Montijo.
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O BE considera que o Governo "condicionou qualquer decisão" da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) ao dizer que não tinha um plano B para o aeroporto do Montijo.
Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, Joana Mortágua, diz que "a decisão já estava tomada mesmo antes de ser feito o estudo de impacto ambiental".
"O que o país precisava era que houvesse um estudo estratégico ambiental para comparar as várias localizações possíveis de um novo aeroporto e nelas descobrir aquela que fosse menos prejudicial para as pessoas e melhor para o desenvolvimento do país porque sabemos que o país precisa de um novo aeroporto. Infelizmente não foi isso que aconteceu", afirma a deputada bloquista.
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Joana Mortágua considera ainda que as medidas de mitigação recomendadas pela APA não são "suficientes para apagar as consequências que esse aeroporto terá", nem resolvam os problemas estruturais inerentes à sua localização.
"Há problemas em relação ao ambiente e ao impacto ambiental e em relação às aves e há problemas em relação à população e à qualidade de vida das populações e à maneira como ela vai ser afetada", defende.
Ilegal e desastroso
Em nome do PAN, a deputada Cristina Rodrigues considera "absolutamente ilegal" não ter sido feita uma avaliação ambiental estratégica e diz ter recebido com "preocupação" e "muitas dúvidas" o parecer favorável, ainda que condicionado, para a construção do aeroporto do Montijo.
O Pessoas-Animais-Natureza estranha ainda que existindo no programa do Governo um compromisso para a descarbonização da economia, se esteja "a promover uma construção que terá grande impacto ambiental".
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O PAN anunciou ainda que vai avançar com uma recomendação ao Governo para que proceda à avaliação estratégica ambiental.
Já o PCP considera a construção de um aeroporto no Montijo uma "opção estratégica desastrosa". Seria preferível a construção faseada de um novo aeroporto no local onde atualmente se situa o campo de tiro de Alcochete, defende o deputado Bruno Dias.
"Esta é uma opção estratégica desastrosa para o país. Estamos perante uma decisão do Governo que se mantém de continuar numa atitude de subserviência para com os interesses da multinacional Vinci. Aquilo que se coloca como necessidade urgente para resposta aos problemas estruturais do ponto de vista do transporte aéreo é de facto construir um novo aeroporto digno desse nome, com uma construção faseada, que permita uma perspetiva de expansão e desenvolvimento."
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Para o PEV, esta é a prova que "cometer um crime ambiental compensa". Marina Silva prestou declarações aos jornalistas em nome do Partido Ambientalista Os Verdes, para "demonstrar o desagrado" face à decisão da APA.
Os 48 milhões destinados à mitigação dos problemas identificados pela agência do ambiente não compensam o impacto ambiental nem o ruído provocados pelo novo aeroporto.
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