"Esses números não são novidade para nós." Quase 1300 médicos já atingiram o limite anual de horas extra
Com o verão à porta, muitos clínicos ponderam recusar mais trabalho suplementar
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Em apenas três meses, quase 1300 médicos especialistas já esgotaram o limite anual de horas extra, avança este sábado o jornal Público, que cita números da Administração Central do Sistema de Saúde. Com o limite de horas extra atingido, muitos médicos estão a pensar recusar fazer mais trabalho suplementar.
Os sindicatos temem agora um verão quente e pedem que a ministra da Saúde ouça as reivindicações. O movimento Médicos em Luta, nascido no ano passado, deixa avisos à ministra da Saúde antes da última negociação com os sindicatos.
"Reativando os protestos vamos ter de pensar que as repercussões que teve em novembro, num mês em que praticamente não há férias... imagine isto a começar a acontecer em julho e em agosto onde a lei permite que 30% das pessoas estejam de férias. Imagine a tempestade, o que isto pode ocasionar. A ministra pensou nisso? Está a pensar nisso? Está seriamente a achar que não negoceia vencimentos, não negoceia 35 horas e nós vamos ficar quietos", questionou na TSF a porta-voz do movimento, Helena Treleira.
A responsável pede à ministra que responda às reivindicações como a questão das horas de trabalho e os aumentos salariais e descreve as dificuldades atuais em cumprir escalas em diversos hospitais, de Norte a Sul do país.
"Mais do que para os médicos, o que é que isso significa para a tutela? Porque para nós é o nosso dia a dia. Nós todos os dias sabemos as horas que trabalhamos, sabemos as necessidades que os serviços têm, sabemos a dificuldade que é em fazer escalas e preencher escalas sobretudo nos hospitais mais periféricos, sabemos que cada vez mais tem que se recorrer a prestadores externos - os vulgarmente conhecidos tarefeiros – para conseguirmos ter escalas preenchidas. Esses números não são novidade para nós. Agora, esses números têm é que fazer refletir a tutela sobre aquilo que está em causa quando fazem uma reunião como ontem com os sindicatos e as principais reivindicações que ocasionaram todos os constrangimentos no ano passado, nomeadamente a tabela salarial e as 35 horas, não estavam na agenda", acrescentou a porta-voz do movimento Médicos em Luta.