O Governo prepara-se para levantar algumas restrições, mas os portugueses devem continuar vigilantes.
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A diretora-geral da Saúde alerta que o momento que o mundo está a atravessar é apenas uma das ondas epidémicas possíveis, e que a pandemia do novo coronavírus está longe de estar controlada. Na conferência de imprensa diária, que junta a Direção-Geral da Saúde (DGS) e o Ministério da Saúde, Graça Freitas garante que se os comportamentos não forem os adequados ao confinamento, o país vai viver um retrocesso da situação.
Numa altura em que o Executivo se prepara para levantar medidas de confinamento em maio, "é necessário que as pessoas não deem nada como garantido, e continuem vigilantes", assume a diretora-geral da Saúde.
Graça Freitas recorda ainda que os três aspetos mais importantes são a vigilância, sabendo de que forma a doença se está a comportar, a capacidade do sistema de saúde, mas também o equilíbrio com a vida social e económica.
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A ministra da Saúde pediu, igualmente, prudência aos portugueses. Marta Temido diz que esta é uma altura em que que os cidadãos devem ter confiança no Governo, continuando com comportamentos que não coloquem em risco todo o esforço dos portugueses.
A ministra da Saúde considera que anunciar que o pico do surto de Covid-19 em Portugal já terá passado é fazer um convite à responsabilidade, e não um incentivo à precipitação.
"Dizer que a incidência máxima já terá acontecido, é uma informação que responsabiliza as pessoas, não que as desresponsabiliza", afirmou a ministra, a propósito do facto de, este sábado, ter revelado que o pico da pandemia ter-se-á registado entre os dias 23 e 25 de março. Segundo a governante, o sistema de saúde está agora a "conseguir responder à pandemia", depois de ter passado por alguns momentos de "maior pressão".
  Podemos levantar medidas em maio, não o estamos a fazer hoje
  
A ministra constata que não é possível afastar a ocorrência de novas ondas do vírus, quando algumas medidas de contenção começarem a ser levantadas, pelo que há que fazer a manutenção da doença de forma sustentável para o sistema de saúde público, mas minimizando o impacto da situação na economia.
Marta Temido alerta que até à descoberta de uma vacina ou de uma cura, ninguém está imune ao vírus: "até a doença estar erradicada nada será como dantes, mas não podemos fechar a sociedade."
Governo com dificuldade em distribuir material de proteção
O Executivo tem-se deparado com problemas no mercado de materiais de proteção, devido à elevada procura dos diversos países. Ainda assim, Marta Temido adianta que, brevemente, vão ser entregues aos hospitais os novos kits de extração manual, que o Governo estava a ter dificuldade em arranjar. Por outro lado, os kits de extração automáticos, ainda não estão disponíveis.
O material de proteção contra a Covid-19 que tem sido mais difícil de distribuir são as batas, revela a governante.
Marta Temido adianta ainda que, desde o dia 1 de março, em Portugal foram realizados 249 mil testes de diagnóstico à Covid-19.
De acordo com a ministra, 32% destes testes foram realizados no mês de março e 68% realizados no mês de abril, o que demonstra a intensificação do processo de diagnóstico.
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Em Portugal tem sido realizada uma média de 9800 testes por dia.
Quanto à linha SNS 24, a ministra da Saúde adianta que a linha de atendimento recebeu, nas últimas 24 horas, cerca de 7700 chamadas.
O tempo médio de espera de atendimento é de 28 segundos.
A ministra revela ainda que a plataforma Trace COVID conta agora com mais de 73 mil profissionais com acesso à mesma.
Celebrar 25 de Abril e manter confinamento? "Não há nenhuma contradição"
A ministra da Saúde considera que não existe nenhuma contradição entre a celebração do 25 de Abril e do 1.º de Maio e o respeito pelas regras de confinamento e distanciamento social.
  Podem ficar tranquilos e descansados. Nunca um dia, um momento, um gesto, vão deitar um esforço conjunto a perder
  
Marta Temido lembra que há uma diferença entre os habituais desfiles de rua e as comemorações no Parlamento que vão ser realizadas este ano.
"As pessoas podem ficar tranquilas e descansadas. De forma nenhuma deixaremos que um dia, um momento, um gesto, deixe que todo um esforço seja perdido", assegurou Marta Temido, acrescentando ainda que o Governo está a trabalhar junto da Assembleia da República para garantir a segurança de todos durante a comemoração das duas datas históricas.
A diretora-geral da Saúde garante, igualmente, que o distanciamento social é para manter nas manifestações do 25 de Abril e do 1º de Maio. Graça Freitas está certa que "entre as forças organizadoras dos eventos, chegaremos, certamente, a um consenso", para manter as regras essenciais de combate à pandemia.
Portugal regista, este domingo, 714 mortes pelo novo coronavírus, um aumento de 27 vítimas mortais nas últimas 24 horas.
O boletim epidemiológico da DGS indica ainda 521 novos casos de infeção, o que eleva para 20.206 o número total de doentes no país.