A Unidade de Cuidados Continuados Integrados Maria José Nogueira Pinto abriu portas em 2012. Conta com cerca de 80 camas para internamentos de média duração e longa duração mas também paliativos.
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Carlos Novo mede a tensão a Doris várias vezes ao dia. Entre o inglês e o português, Carlos e Doris vão conseguindo comunicar. A cidadã alemã é uma das utentes da Unidade de Cuidados Continuados Integrados Maria José Nogueira Pinto em Cascais. Já lá está há algum tempo, o suficiente para ter o quarto decorado a gosto. "Temos quartos bastante decorados com fotografias, com quadros dos utentes e dos seus familiares, com flores, com pequenos móveis".
Carlos Novo é enfermeiro chefe e tem à sua conta tem 10 enfermeiros e 10 auxiliares. Trata do planeamento dos cuidados que são prestados aos utentes, gestão de equipamentos e materiais mas muito do trabalho passa por dar atenção personalizada a cada doente.
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A proximidade com os utentes surge naturalmente, afinal passam muito tempo com a equipa da Unidade de Cuidados. "São 24 horas sob 24 horas com aquelas famílias, com aqueles utentes, a viver os seus problemas, as suas angustias, é connosco que muitas vezes desabafam de outros problemas lá fora".
A equipa conhece os gostos e as particularidades de cada pessoa que acompanha. "Que roupa prefere, como é que quer escovar o cabelo, como e quando quer lavar os dentes. A equipa sabe perfeitamente o que é necessário. Já é muito natural. É como se fosse realmente um familiar", conta Carlos Novo.
Os cuidadores também são envolvidos no processo. Carlos Novo explica que é importante saber acolher as famílias. "Temos famílias muito presentes, bastante envolvidas nos cuidados prestados e naquilo que os seus familiares precisam. Há uma confiança deles para connosco porque deixar aqui o nosso pai ou o nosso avô é uma decisão que custa, não é tomada de ânimo leve", explica.
Durante o tempo que os utentes passam na unidade, há uma equipa multidisciplinar para tratar cada doente que se reúne regularmente para ver caso a caso. "Para além da equipa de enfermagem e auxiliares, temos fisioterapeutas, nutricionista, assistentes sociais, psicólogos, terapeutas ocupacionais, terapeutas da fala e todos eles fazem um plano para aquele utente, que é diferente dos outros e o dia deles está bastante preenchido com uma série de atividades para promover a sua autonomia".
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O objetivo é preparar os utentes para poderem voltar a casa mas algumas das patologias implicam tratamentos prolongados, como é o caso dos Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC). "Temos o grande foco nos utentes com AVC. Acho que 90% das situações dever estar relacionada com doentes com AVC ou doentes que tenham tido algum tipo de traumatismo", conta Carlos Novo.
Cuidar de forma continuada
A Unidade Maria José Nogueira Pinto abriu portas em 2012. É a primeira Unidade de Cuidados Continuados Integrados da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Conta com cerca de 80 camas para internamentos de média duração e longa duração mas também paliativos.
"É uma área emergente, está a desenvolver-se bastante a nível nacional e é uma grande necessidade até de desmistificar muitas mentalidades que ainda existem associadas aos cuidados paliativos", explica Carlos Novo.
O enfermeiro considera que é importante dar o máximo de dignidade e conforto aos doentes em cuidados paliativos mas também às famílias. "Muitas vezes carregam um peso de anos e anos de cuidados. Há uma exaustão também dos cuidadores e nós temos estes espaços onde podemos dar-lhes um pouco de oxigénio, para voltarem a respirar, voltarem a olhar para si e tentar melhorar o seu dia-a-dia".