Vice-presidente do PSD olha para o "aliado natural" com cautela, depois de o CDS ter tido o papel que teve no desce-não-desce do IVA da energia. Sobre Ventura e a candidatura presidencial: "não há coincidências".
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"É complicado". Se PSD e CDS estivessem numa relação e o anunciassem no Facebook, seria provavelmente este o estado. É o que dá a entender David Justino em entrevista à TSF. O motivo? A traição e/ou a desilusão com a posição do partido na questão do IVA da eletricidade, mas não só.
À cabeça, o CDS está diferente. "Quando temos mudanças noutros partidos, temos de perceber em que sentido vão essas mudanças e não nos deixemos arrastar em situações conjunturais", diz David Justino à cautela. "Conjunturas são conjunturas e aquilo que temos de perceber é o que está além da conjuntura", nota.
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E se ainda não dá para perceber as mudanças que o novo líder centrista, Francisco Rodrigues dos Santos, quer imprimir no Largo do Caldas, David Justino chega à TSF para pedir um tempo porque o "arrufo" no IVA pode ser apenas conjuntural e é preciso analisar como vai ser o futuro.
"A posição do CDS relativamente ao IVA da eletricidade pode ser uma opção meramente conjuntural. Aquilo que nós temos de perceber - e é o tempo que os vai ajudar a esclarecer - é qual é a sua estratégia", nota o vice de Rio deixando claro que o PSD está atento às movimentações, nomeadamente, "como é que se vão articular com as diferentes forças políticas".
"Aquilo que já dissemos, da parte do PSD, é que o CDS é o nosso aliado natural, queira o CDS ser o nosso aliado natural", afirma Justino dando uma oportunidade a Francisco Rodrigues dos Santos. Questionado se o CDS - este CDS - não quer ser esse parceiro do PSD, Justino não tem certezas: "não sei, por isso é que estamos em observação, quase que em fase de renamoro".
"Não sou eu, és mesmo tu"
Outra das análises feitas por David Justino foi a reação do congresso ao discurso de Hugo Soares que, a determinada altura, exclamou: "não somos socialistas de segunda". A crítica está implícita - como, de resto, na campanha interna sempre foi feita em forma de "PSD enquanto bengala do PS" - e valeu uma mistura de aplausos e de assobios.
O vice-presidente do PSD, numa tentativa de interpretar a reação do congresso, nota que "o receio destes militantes é se vamos continuar com a velha cepa torta de críticas internas, dificultando a ação do líder e da direção que foi legitimamente eleita, mesmo um mês depois de uma derrota que foi clara?".
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Aos olhos de Justino, o problema não é a direção, é mesmo a ala de Montenegro.
"Não há coincidências"
E sobre o anúncio da candidatura de André Ventura à presidência? "Não muda nada", nota David Justinho sublinhando que o partido já estava à espera disso mesmo.
"A única coisa de novo é que escolheu o dia do congresso do PSD para anunciar isso e nós registámos", afirma David Justino para concluir que "não há coincidências".