Estafetas da Uber, Glovo e Bolt em greve esta sexta-feira. Restaurante dá "dia como perdido"

Durante a noite desta sexta-feira, encomendar comida pode ficar mais difícil com a greve dos estafetas das plataformas Uber, Bolt e Glovo. As aplicações vão subir os preços durante a paralisação e há restaurantes a dar mesmo "o dia como perdido".

“Posso dizer que em 99,8% são as plataformas que asseguram o funcionamento do restaurante, mas, em contrapartida, o meu lucro vai para a Uber, Glovo e Bolt", contou Joana Abel, dona do Tété’s Burritos, em Cascais, em declarações à TSF.

"Eu pago 30% da faturação", acrescentou, sublinhando que não tendo clientes acaba "por estar a trabalhar para pagar às plataformas".

Joana Abel disse ainda que não decidiu se vai fechar ou não portas esta sexta-feira, mas uma coisa é certa: "Hoje é um dia perdido." 

Os estafetas da Uber, Bolt e Glovo organizaram-se através de um grupo do Whatsapp e decidiram parar a partir das 18h00 desta sexta-feira até às 00h00. Ouvido pela TSF, um dos responsáveis pela greve, Hans Mello, adiantou que a resposta das plataformas foi subir os preços.

"Aumentar os valores no dia da manifestação, demonstra falta de ética e lealdade”, atirou.

Hans Mello explicou ainda que das três plataformas apenas a Glovo quis sentar-se para negociar com os estafetas: "A Bolt simplesmente alterou algumas medidas no site e a Uber queria sentar-se connosco dois dias antes da manifestação, dissemos que não porque primeiro está a greve e desde então a Uber nunca mais se pronunciou sobre isso."

Entre as reivindicações dos estafetas está o pagamento mínimo de três euros por entrega, mais 50 cêntimos por cada quilómetro percorrido em distâncias de dois a 4,9 quilómetros e um euro extra para viagens com mais de cinco quilómetros.

Além disso, os trabalhadores pedem melhores condições de segurança e lembram que têm gastos com eventuais danos: "Nós não esperamos em casa a ver um filme. Não, nós esperamos à chuva e nem temos abrigo nas lojas. Temos despesas."

A TSF voltou a contactar as plataformas Uber, Glovo e Bolt que responderam através da Associação Portuguesa das Aplicações Digitais e que, por sua vez, remeteu para um comunicado.

"Respeitamos o direito que todos têm de se manifestar, com respeito pela segurança e ordem públicas. A flexibilidade dos serviços prestados pelas plataformas permite aos estafetas utilizar as aplicações quando, onde e como quiserem. As plataformas digitais a operar em Portugal ouvem constantemente os estafetas, e continuarão a fazê-lo, de modo a melhorar a sua experiência", lê-se.

Mais de dois mil estafetas de todo o país integram o grupo do Whatsapp "Estafetas Unidos".