"Estamos a formar acima da média." Escolas afastam culpas pela falta de médicos
Hernique Cyrne de Carvalho diz à TSF que se a formação fosse a solução, não existiriam condições para a aumentar.
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O próximo ano letivo vai iniciar-se em setembro e vai ter mais cinco vagas para a formação de médicos do que no anterior, mas quem coordena o ensino da medicina considera que não é necessário aumentar a formação de profissionais nos próximos anos.
Henrique Cyrne de Carvalho, diretor do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e presidente do Conselho das Escolas Médicas Portuguesas (CEMP), garante à TSF que a falta de médicos a que se tem assistido neste verão não tem nada a ver com a falta de vagas em medicina no ensino superior.
"Quando a média é de 13,1 novos médicos por cem mil habitantes, nós temos 16,1. Não estamos a formar poucos médicos. Estamos a formar médicos acima da média daquilo que acontece nos países da OCDE", revela o diretor do ICBAS.
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Contudo, mesmo que a solução passasse pela formação de mais médicos, o presidente do CEMP revela que faltam profissionais aptos, interessados e disponíveis para ensinar.
"Nós temos, neste momento, dificuldade de recrutamento, mas, sobretudo, temos a grande dificuldade na distribuição de recursos físicos. Mesmo os hospitais universitários maiores têm de recorrer a hospitais afiliados para permitir que lhe seja mantido um rácio de tutor por estudante adequado. Isso é um dos fatores que condiciona", começa por explicar Henrique Cyrne de Carvalho.
Além dessa limitação há ainda o "subfinanciamento de outras universidades" que é "mais outro assunto que dificulta o aumento da formação".
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"Portanto, sem precarizar a qualidade do ensino médico, não enquadramos a possibilidade de aumentar o número só para satisfazer uma agenda política", assume.
Há pelo menos um assunto em que os médicos e o Governo aparentam estar de acordo. A ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, reconheceu que formar um médico é caro, custando mais de cem mil euros, o que é uma dificuldade. Assim, não será pela via da formação que vai aumentar o número de profissionais no Serviço Nacional de Saúde.
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