O presidente da comissão de acompanhamento da resposta nacional em medicina intensiva, João Gouveia, garante que os internados são sobretudo doentes jovens.
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Os casos de Covid-19 já estão a encher o maior hospital do país. Em declarações à TSF, o médico intensivista João Gouveia garante que Hospital Santa Maria, em Lisboa, está cheio.
"Em medicina intensiva, neste momento, estamos cheios. Ainda há capacidade de aumentar a medicina intensiva sem prejuízo da atividade assistencial, mas neste momento as camas que existem estão completamente cheias", explica.
A previsão era que os hospitais da região de Lisboa e Vale do Tejo atingissem o limite esta semana. O presidente da comissão de acompanhamento da resposta nacional em medicina intensiva, João Gouveia, adianta que o Santa Maria está esgotado, em particular com doentes jovens.
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Na segunda-feira, a ministra da Saúde admitiu que nos próximos 10 dias, Portugal pode chegar aos quatro mil casos diários de Covid-19. Marta Temido admitiu que todas as medidas estão em cima da mesa, incluindo o adiamento de férias dos profissionais de saúde. O médico João Gouveia avisa que esta medida tem de ser avaliada com todas as cautelas, que "no caso dos profissionais de saúde é crucial porque são muitos meses sempre a trabalhar sem essa possibilidade".
O médico sublinha que tem que haver "um esforço grande dos hospitais e uma solidariedade dentro de cada um dos hospitais e uma solidariedade inter-hospitais e inter-regional, de maneira a conseguir distribuir os doentes por diferentes hospitais", acrescentando que "isso só é possível se esse número não for muito grande", o que tem implicações na "capacidade de todos em controlar a transmissão do vírus".
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Também ouvido pela TSF, Manuel Carmo Gomes, professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e um dos peritos ouvidos recorrentemente pelo Governo nas reuniões no Infarmed, reitera as estimativas que Marta Temido apresentou na noite de segunda-feira, para os próximos 15 dias.
Manuel Carmo Gomes alerta ainda para o facto de que uma grande franja dos infetados se encontra na faixa dos 20 aos 29 anos, isto é, são "indivíduos que têm menos de 10% de cobertura vacinal". Também significativo contributo para o aumento de contágios, no intervalo de idades entre os 30 aos 39 anos há também menos de 20% de cobertura vacinal.
São grupos, descreve o investigador, que "socializam muito e não estão homogeneamente misturados com o resto da população", tendo muitos contactos entre si.
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