Vice-presidente do PSD reforça que voto a favor do OE2020 contrariaria o "compromisso eleitoral" para com os eleitores do partido.
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É um "esmagamento fiscal das classes médias". A acusação vem do PSD, pela voz de David Justino, e tem um alvo definido: o Orçamento do Estado para 2020 proposto pelo PS.
Com as linhas gerais do documento já conhecidas, foi momento de as discutir na mesa dos Almoços Grátis. David Justino e Carlos César, com a moderação de Anselmo Crespo, trouxeram-no à discussão.
David Justino mostrou, desde cedo, a sua desconfiança quanto a este exercício orçamental: apesar de ser "histórico" por ter um superavit, o orçamento é também "histórico" pelo aumento da carga fiscal.
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"Para termos superavit vai haver um aumento, não só da carga, mas da receita fiscal, é o preço que todos temos de pagar", explicou no programa da TSF.
Despesa descontrolada
O aumento da receita fiscal é "óbvio", mas David Justino vai mais longe e aponta as razões. O vice-presidente do PSD acusa o Governo de não conseguir "controlar a despesa" devido à ausência de "reformas estruturais e alteração do funcionamento do Estado e da Administração Pública" e de uma "maior contenção do crescimento da despesa".
Com estes dados sobre a mesa, David Justino atira que o Governo está a prestar "cuidados paliativos". "Eu não confio", acrescenta ao recordar os três últimos Orçamentos do Estado, "toda a gente sabe que havendo aumento da despesa vai ter de haver aumento da receita".
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A maior crítica ao Orçamento do Estado chegou então à discussão: "Há aqui um processo de esmagamento fiscal das classes médias." O vice-presidente social-democrata referia-se ao aumento da receita fiscal para acusar o Governo de "esmagar as pessoas que pagam impostos".
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Tendo em conta esta posição, e recordando que David Justino já tinha dito na última semana que o PSD dificilmente votará a favor do OE. "Todos os indicadores que nós temos, com base na análise do quadro macro e sem entrar em pormenores, apontam nesse sentido."
O social-democrata vai mesmo mais longe, justificando que uma eventual viabilização do exercício orçamental iria contra o que o PSD defendeu na última campanha eleitoral.
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"Se andámos a dizer que defendíamos a redução da carga fiscal, se dizemos que é necessário controlar a despesa para não aumentar a carga fiscal e agora, perante um Orçamento destes, o viabilizássemos, contrariava o compromisso eleitoral que tivemos para com aqueles que votaram em nós."
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Ainda assim, fica o aviso aos outros partidos: "Nós não temos qualquer preconceito, não votamos às cegas."
*com Anselmo Crespo