Alfama voltou à festa esta terça-feira de manhã. O bairro voltou a ganhar as Marchas Populares de Lisboa. É a 10ª vitória nos últimos 13 anos.
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A notícia chegou com os primeiros raios de sol e, apesar do cansaço, marchantes e moradores do bairro de Alfama deram asas ao contentamento por mais uma vitória no concurso das marchas de Lisboa.
"Campeões, campeões, nós somos campeões" gritavam a plenos pulmões mais de uma centena de pessoas, entre elas Rute. Integra a marcha de Alfama desde 1993. "Uma questão de tradição" a que "ninguém é indiferente", explica a moradora.
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A vitória na edição deste ano, sublinha, não surgiu "por acaso", é fruto de "muito trabalho" que começou há cerca de dois meses com ensaios diários "das 21h30 às 23h30".
Nascida e criada no bairro de Alfama, Rute acompanhou as mudanças que aqui se têm feito sentir de forma mais notória nos últimos anos: "Estão a perder-se certas tradições que nós gostaríamos de manter, mas está a ser muito, muito difícil".
A culpa, sentencia, "é do turismo". A ameaça à identidade deste bairro histórico da cidade de Lisboa está, de resto, na base do tema escolhido pela marcha para a edição deste ano: "Não toquem na minha Alfama!".
João Ramos, coordenador da marcha, explica que esta é uma forma de chamar a atenção para os efeitos da nova lei do arrendamento e para o aumento do turismo. Sublinha este morador que muitos das pessoas que aqui viviam "tiveram de sair por causa do aumento incomportável das rendas".
Sobre o turismo, João Ramos esclarece que "os moradores não são contra o turismo, o turismo representa algo importante para a economia local". No entanto, lamenta "a desertificação" e dá um exemplo: "só nos resta uma escola primária e estamos a falar não de uma freguesia perdida no meio do país, estamos a falar de uma freguesia de Lisboa".