"Estava há pouco tempo no cargo." Exoneração de diretor da PSP surpreende sindicatos
A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia defendeu que a ministra da Administração Interna deve dar explicações e o Sindicato Nacional dos Oficiais de Polícia também não escondeu a surpresa.
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A demissão do diretor nacional da PSP, José Barros Correia, anunciada esta segunda-feira surpreendeu os sindicatos e Paulo Santos, o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia, defendeu que a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, deve dar explicações sobre a exoneração.
"Relativamente à nomeação não vou tecer qualquer comentário. Desconheço o que virá, mas suscitam-me algumas dúvidas as razões que estão subjacentes à exoneração do superintendente chefe Barros Correia. Desde logo porque estava há relativamente pouco tempo no cargo de diretor nacional e é preciso perceber, em nome da estabilidade da instituição PSP e no contexto que estamos a atravessar, não só neste momento de negociações com o Governo relativamente aos suplementos de condição policial, mas também naquilo que é a realidade de todos os dias da PSP, onde não há atratividade, não há candidatos, onde a pré-aposentação é atropelada há muitos anos, há uma fuga constante de quadros, entre muitos outros problemas, o que pretendemos para a instituição. Era importante perceber quais são as razões subjacentes a esta alteração", explicou à TSF Paulo Santos.
Também o presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais de Polícia, Bruno Pereira, foi surpreendido com a demissão de José Barros Correia, sublinhando que defendeu, desde sempre, as reivindicações dos polícias.
“Fiquei extremamente surpreendido, tendo em conta variadíssimos aspetos. Primeiro, o diretor nacional foi nomeado há muito pouco tempo, tem pouco mais de oito meses de direção. Segundo, tem sido um diretor nacional próximo dos polícias e destacando sempre, nos mais diversos discursos, preocupar-se com os polícias e ser essa a sua principal prioridade. E tem um feito, quer com os polícias, quer com os próprios sindicatos: uma relação muito estreita, muito próxima e muito leal. Portanto, não deixo de ficar surpreendido com a decisão de exoneração do diretor nacional”, admitiu Bruno Pereira.
O líder sindical espera também que a mudança na direção da PSP não cause perturbações no processo negocial.
“Pode perturbar até porque o processo negocial é feito diretamente com os sindicatos. O diretor nacional, como o comandante-geral, são chamados na devida medida daquilo que podem contribuir utilitariamente para o processo de decisão junto da tutela. O processo negocial é feito com os sindicatos e quero acreditar que os polícias a irão manter-se unidos, coesos e se, em momento algum, se deixar no ar a ideia de que a exoneração teve a ver com o facto de ser demasiado próximo deles, então acredito que isso terá um efeito exatamente contrário, que é impulsionar ainda mais a agregação em torno desta luta em particular e toda e qualquer outra no futuro”, avisou o presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais de Polícia.
Quanto a Luís Carrilho, até agora comandante da Unidade Especial de Polícia, Bruno Pereira espera que tenha as mesmas características do diretor exonerado: lealdade e proximidade.
"Espero bastante tendo em conta que ele conhece e conhecerá muito bem os problemas que neste momento assistem, se perpetuam e ganham dimensões críticas dentro da Polícia de Segurança Pública e quero acreditar que irá abraçar este desafio hercúleo com a maior das almas, a maior das vontades, fazendo toda a diferença que nós precisamos para que consigamos dar uma dignidade maior, uma dignidade nova a esta instituição que é a Polícia de Segurança Pública, que tem 156 anos de existência", espera.
Considera também que Luís Carrilho vai assumir o cargo numa altura em que os próximos anos vão ser determinantes para o futuro da corporação.
“É um oficial de polícia que tem imensa experiência, é uma pessoa amplamente reconhecida dentro da instituição, mas as motivações da sua nomeação terão de ser perguntadas à ministra. Vou-me abster, só desejo indiscutivelmente o melhor para ele, porque o conheço muito bem. Sei que fará ou procurará fazer o melhor que pode, escolherá uma equipa que o ajudará num momento particularmente difícil, em que temos níveis de motivação bastante baixos, temos problemas estruturais sérios do ponto de vista da atratividade da carreira e de uma negociação salarial difícil. O máximo que posso dizer é desejar-lhe a maior sorte e o maior afinco, porque serão três anos muito difíceis e serão determinantes para o futuro da PSP”, acrescentou Bruno Pereira.