"Estranho." Rio diz não compreender ida de profissionais alemães para o Hospital da Luz

Miguel A. Lopes/Lusa
Líder social-democrata mostrou-se surpreendido com a colocação dos profissionais de saúde alemães que chegaram esta quarta-feira a Portugal.
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O líder do PSD, Rui Rio, mostrou-se esta quarta-feira surpreendido pelo facto de os profissionais de saúde alemães que vieram ajudar Portugal na luta contra a Covid-19 terem ido para o Hospital da Luz, um hospital privado, e não para um hospital público.
Na Assembleia da República, onde reagiu à demissão do coordenador da task force da vacinação em Portugal, Rui Rio admitiu estranhar a opção de colocação dos profissionais estrangeiros. "Não consigo compreender, mas pode ser que haja uma razão que o justifique", admitiu.
A equipa é constituída por 26 profissionais de saúde, entre os quais seis médicos, que trazem também 40 ventiladores móveis e 10 estacionários, 150 bombas de infusão e outras tantas camas hospitalares.
Em comunicado, o Hospital da Luz explicou que, em reposta ao apelo do Ministério da Saúde, "foi possível realocar doentes, recursos e adaptar espaços, em tempo recorde", de forma a disponibilizar um núcleo de "mais oito camas de cuidados intensivos" que permitirá à equipa alemã trabalhar num espaço único, "proporcionando-lhes condições de maior eficiência no tratamento de doentes graves", provenientes de hospitais públicos da região de Lisboa.
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Na posição do Governo, Rio pedia "o apoio das Forças Armadas"
Sobre a demissão na task force, Rui Rio assinala que, se o responsável detetou irregularidades sob a sua tutela no Hospital da Cruz Vermelha, Francisco Ramos devia demitir-se dessa entidade e não da equipa que coordena a vacinação nacional.
"O facto de se demitir da task force indica que os problemas estarão na task force", argumentou Rio, que espera agora que o Governo possa desenhar uma outra equipa, "a começar pelo coordenador", que assente em pessoas "com formação para aquilo que tem de fazer-se agora".
O líder do PSD defende que são precisos conhecimentos de logística, já que a distribuição da vacina é uma "operação pesada" desse ponto de vista e adianta que, se estivesse na posição do Governo, optava por "pedir o apoio das Forças Armadas, em particular do Exército, que têm formação adequada".
"Precisamos sobretudo de pessoas da área da logística e que tenham capacidade de coordenar uma distribuição em grande escala", reforçou o líder social-democrata, que apontou alguma falta de planeamento ao Governo.
"A vacina é neste momento um dos bens mais importantes e mais escassos que temos em Portugal", defendeu.
"Eu não percebo como é que há sobras"
Rui Rio deixou também alertas sobre a vacinação, que diz estar, "como todos sabemos, a correr mal" e sobre a distribuição, que "não está a ser feita como deve ser".
"Há sobras e eu não percebo como é que há sobras", que têm também originado abusos, explicou.
Num aviso para o futuro, Rio adiantou que o país "tem de vacinar 70% da população adulta até ao final de junho" e acrescentou que, "se não o fizermos, deitamos fora o verão e damos ainda mais cabo da economia nacional."
Cumprir esse objetivo "implica dar cerca de 50 mil doses por dia" e, até agora, "estamos a dar 10 mil doses por dia", pelo que é necessário começar a compensar esses números, o que levou também Rui Rio a questionar se o país tem condições logísticas para aplicar todas essas doses, além de eventuais problemas de fornecimento.
Para o líder do PSD, a vacinação da população com mais de 80 anos, também já começou com problemas por estar atrasada. Rio revelou ter recebido informações de que algumas das segundas doses que já deviam estar a ser administradas não o estão a ser "porque não se guardou" as vacinas que era suposto.
A recomendação de "dar a segunda dose ao 21.º dia pode começar a resvalar. Se forem mais três ou quatro dias não será grave, se for mais do que isso já se começa a colocar em causa a eficácia da vacina", alerta.