Pela primeira vez, todas as músicas da Jornada Mundial da Juventude serão interpretadas por um grupo de pessoas surdas. O repertório inclui músicas originais de Tolentino Mendonça e Eurico Carrapatoso.
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Cantor, professor na Universidade Católica e director do grupo "Mãos que cantam", Sérgio Peixoto lembrou-se de propor à organização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) algo que nunca tinha sido feito no evento: a interpretação de todas as músicas das cerimónias religiosas em língua gestual portuguesa (LGP). A proposta foi aceite e há dois anos que os cinco surdos meteram, literalmente, mãos à obra.
O "trabalho enorme" passa por interpretar por gestos cerca de 50 músicas. "São dez por cerimónia e são cinco cerimónias", sublinha Sérgio Peixoto, que estará em palco a dirigir as "Mãos que cantam", ao lado do coro com cerca de 200 pessoas e uma orquestra com 90 músicos.
O hino da JMJ já tem uma versão em LGP e o grupo está a ensaiar todas as músicas que fazem parte das homílias, como o Kyrie e Agnus Dei. Mas há também músicas novas, com "textos lindíssimos" que terão estreia mundial na JMJ. Por exemplo, um poema de Tolentino Mendonça, "Louvor da bem-aventurada", e música do compositor Eurico Carrapatoso.
Cada um dos cinco surdos ficou responsável por uma cerimónia, explica Sérgio Peixoto, que elege as músicas com menos texto como as mais desafiantes para as "Mãos que cantam". Entre as preferidas do grupo, está o hino da JMJ, por ter um refrão "fantástico, muito visual".
Sérgio confessa que não gosta da palavra "inclusão", mas realça que o facto de "nos juntarmos ao coro e orquestra com esta possibilidade de mostrar ao mundo que os surdos também podem cantar e participar, é uma oportunidade única"