Estudantes da Universidade do Porto vão acampar em frente à reitoria em defesa do fim da guerra em Gaza

Brandon Bell/AFP (arquivo)
O coletivo de estudantes em defesa da Palestina inspira-se nos protestos que estão a acontecer em universidades europeias e norte-americanas. O movimento vai entregar uma carta à reitoria para exigir o fim das parcerias com universidades israelitas.
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Os estudantes da Universidade do Porto vão acampar, esta quarta-feira, em frente ao edifício da reitoria num protesto que tem como objetivo apelar ao fim da guerra em Gaza. Em declarações à TSF, a porta-voz do coletivo de estudantes em defesa da Palestina, Bárbara Molnar, revela que o movimento vai entregar uma carta à reitoria para exigir o fim das parcerias com universidades israelitas.
"Exigimos o fim das relações da universidade, porque acreditamos que a universidade, a partir da produção de conhecimento e de todos esses investimentos, não pode estar alinhada com nenhum tipo de apoio a políticas desse tipo, de extermínio, de genocídio ou colonizatórias. O primeiro passo é exigir a rutura das relações da universidade, porque reconhecemos o papel que a juventude tem historicamente, de se posicionar diante desses conflitos. Mas pretendemos e lutamos pelo fim das futuras relações diplomáticas, de financiamento e de armamento, tanto do Governo português como da União Europeia", adianta.
Este é o primeiro protesto que acontece no Porto. Em Lisboa, na terça-feira, foi montado um acampamento na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa. Oito tendas de campismo foram instaladas esta terça-feira de manhã no pátio do edifício, onde os estudantes colaram faixas e cartazes com as mensagens "Fim ao Genocídio", "Fim ao Fóssil até 2030", "De Lisboa a Rafah, Palestina Vencerá", "Bloco de Resistência Estudantil - Fim à repressão policial", "O nosso futuro acima do lucro fóssil" ou "Eletricidade 100% Renovável".
Numa resposta enviada à Lusa esta terça-feira à noite, Luís Miguel Carvalho, diretor do Instituto de Educação, e Telmo Mourinho Baptista, diretor da Faculdade de Psicologia, referiram que as instituições foram surpreendidas pelo protesto estudantil, que ocupou edifício partilhado por ambas as escolas da Universidade de Lisboa. Apesar do protesto, as atividades académicas decorreram com normalidade.
O coletivo de estudantes em defesa da Palestina inspira-se em outros protestos que estão a acontecer em universidades europeias e norte-americanas. Esses protestos têm resultado em confrontos com a polícia, por isso, Bárbara Molnar apela a uma manifestação pacífica.
"Não esperamos que a polícia reprima. Sabemos que as forças repressivas, assim como a política dos governos desses países estão alinhadas com Israel. As forças repressivas atuam de acordo com isso. Não pretendemos ter de lidar com esse tipo de repressão, porque queremos manifestar-nos pacificamente, queremos ser ouvidos pela reitoria e um compromisso também por parte da Universidade para com o movimento. Isso é um direito nosso, acho que não há nenhum motivo para haver repressão", considera, não descartando a possibilidade de, no futuro, existirem mais ações como esta que vai decorrer esta quarta-feira em frente à reitoria da Universidade do Porto.
Na terça-feira, os protestos continuaram em várias cidades europeias, como Paris, Berlim, Amesterdão ou Genebra, em alguns casos reprimidos pelas forças policiais e com detenções de dezenas de ativistas.
O conflito em curso na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita de 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Desde então, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que provocou quase 35.000 mortos, segundo o Hamas, que governa o pequeno enclave palestiniano desde 2007.
