Estudantes de Letras de Lisboa em protesto contra amianto, baratas e falta de condições
Um pavilhão que é "provisório" desde 1970, um "calendário perpétuo" e o desinvestimento dos Governos no ensino superior estão entre os problemas identificados pelos alunos.
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Os estudantes da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL) concentraram-se esta segunda-feira à porta daquele estabelecimento de ensino superior em protesto contra o "calendário perpétuo" e para exigirem mais condições para os alunos.
Sara Gonçalves, membro do Departamento de Política Educativa da Direção da Associação de Estudantes da Faculdade de Letras, explicou que entre os problemas denunciados estão "o pavilhão chamado de novo que já existe desde 1970 - é provisório até, não devia existir durante mais de dois ou três anos - e que tem amianto e janelas partidas, não tem casas de banho sequer". Também no edifício principal faltam casas de banho, que estão "sempre em manutenção" e em número são "muito insuficientes".
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Nas salas de aula há falta de "espaço e condições" e "cadeiras partidas". Sara Gonçalves explica também que um dos problemas recorrentes é o das "pragas de baratas e ratos".
"Até nas máquinas de café encontramos, às vezes, restos de baratas e elas estão sempre a passear pelo corredor", lamenta.
Entre as queixas dos alunos está também a implementação de um "calendário perpétuo". Os alunos vão ter aulas no verão, algo que dizem ser "incomportável" devido à "carga de matéria".
"Consideramos que o principal problema é o desinvestimento há décadas no ensino superior", acrescentou Sara Gonçalves.
"Fazem questão de não nos ouvir"
Perante os problemas identificados, os alunos já manifestaram descontentamento à direção da Faculdade e tentaram também o contacto com Direção-Geral de Ensino Superior, mas não foram ouvidos.
"Fazem questão de não nos ouvir porque sabem, de facto, que estes problemas não vão ser resolvidos. É um opção política dos Governos", atira a estudante. Certo é que os alunos prometem "não se calar" enquanto não virem resolvidos os seus problemas.
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À Lusa, Catarina Viegas, estudante de Artes e Humanidades, contou que esta manifestação nasceu de dois motivos: a falta de financiamento do ensino superior, "que se nota muito nesta faculdade, nomeadamente no pavilhão que está a cair aos bocados, vidros partidos, casas de banho que não funcionam" e devido ao "calendário perpétuo", em que os alunos são "obrigados a ter aulas durante o verão".
Frederico de Brito, aluno da Faculdade de Letras, acrescentou que "há várias casas de banho completamente destruídas, vidros partidos, as salas são uma desgraça e há falta de controlo de pragas. Temos tido baratas, ratos e até insetos prejudiciais para a vida humana".
A concentração juntou cerca de 30 estudantes, que gritavam vários alertas: "A luta continua, estudantes estão na rua", "Faculdades a cair, é preciso investir", "Ação social, não existe em Portugal" e "Este calendário é o nosso obituário".