Estudantes de medicina do Algarve questionam “gestão pedagógica", reitor diz que e-mail anónimo “não é comunicado de alunos”
Comissão do curso do Mestrado Integrado de Medicina está demissionária
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Os alunos do Curso de Medicina da Universidade do Algarve garantem que a sua formação está a ser prejudicada por “falta de coordenação do curso e avaliações sem valor pedagógico claro”. Num e-mail anónimo enviado à Ordem dos Médicos e ao Ministério da Educação e Ensino Superior, os estudantes afirmam que a situação põe em causa a qualidade da formação médica no Algarve.
“O Mestrado Integrado em Medicina (MIM) da Universidade do Algarve (UAlg) atravessa um momento crítico. Como estudantes, sentimos que a nossa formação está a ser profundamente prejudicada por decisões incoerentes, avaliações improvisadas e uma gestão pedagógica altamente questionável”, lê-se no o e-mail enviado a várias redações, onde são referidas situações que consideram exemplos de más práticas no curso. O e-mail não tem assinatura, apenas refere que é subscrito por “meros alunos, cansados e emocionalmente esgotados”.
O reitor da Universidade do Algarve (UALG), Paulo Águas, garante não ter recebido o referido e-mail, estranha que ninguém o assine e sublinha que há canais próprios na UALG para denunciar as situações, inclusivamente de forma anónima.
"Transformar um e-mail anónimo num comunicado de alunos, isso não posso subscrever”, afirma indignado.
O reitor acrescenta que habitualmente, se existem problemas, eles são resolvidos internamente, e lamenta que esta situação surja desgarrada, “numa instituição que tem 100 cursos e mais de 10 mil alunos”.
"O que me parece haver ali é uma reivindicação, uma pressão que temos por vezes dos alunos para passar ”, assegura. Ainda assim, e embora o e-mail não lhe tenha sido a si dirigido, Paulo Águas adianta que vai analisar a situação e perceber as causas da contestação.
A comissão do curso, onde estão incluidos três professores, nomeadamente a diretora deste mestrado integrado de medicina, apresentou a demissão na semana passada, alegando não ter condições para continuar no próximo ano letivo.
A comissão de curso refere que tem um reduzido corpo docente de carreira e eu confirmo. (Paulo Águas)
Paulo Águas refere que tem três procedimentos concursais (…) para 11 cargos de professores de carreira para o curso de medicina, sendo que “não é fácil recrutar”. O mestrado integrado de medicina existe desde 2018 na Universidade do Algarve e destina-se a quem já tem uma licenciatura numa área científica ligada ao setor da saúde.
A Ordem dos Médicos, contactada pela TSF, considera que as questões de formação dizem respeito apenas às universidades, não estando em causa neste caso práticas clínicas.