Berta Caldas, de 76 anos, acolhe com um sorriso no rosto, cinco estudantes de Medicina da Universidade do Minho (UMinho), que lhe entram pela casa dentro com o projeto “Aldeia Feliz”
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A iniciativa do Departamento de Ação Comunitária (DAC) do Núcleo de Estudantes de Medicina da Universidade do Minho (NEMUM), com o apoio da câmara de Valença, está no terreno até sábado, com 22 futuros médicos a realizar uma intervenção na saúde da população mais idosa. O objetivo é a prevenção e o controlo das doenças crónicas, através da realização de rastreios cardiovasculares.
“Foi muito engraçado. Gostei muito de receber estes estudantes de Medicina. Estamos aqui numa aldeia e necessitamos muito dos cuidados mais próximos”, reagiu Berta Caldas, hipertensa “controlada” e satisfeita com “a piquinha” e com a medição da tensão, que os visitantes lhe fizeram. “Acho muito bonito o nome ‘Aldeia Feliz’. Já tínhamos cá a ‘Fontoura Viva’, agora ‘Aldeia Feliz’ está muito bem”, disse.
Marta Duarte, Matilde Ferreira, Maria Fontão, Francisco Matos e Emanuel Araújo, formaram uma das equipas que andou de porta em porta em Fontoura, esta quinta-feira de manhã.
Emanuel, natural de uma aldeia de Vila Verde, no distrito de Braga, mostra à vontade na interação com os mais velhos. Considera “importante” levar-lhes alegria.
“O objetivo principal é fazer rastreios, medir a tensão arterial, a glicemia capilar, o peso, mas para mim, o objetivo é também trazer um bocadinho de animação, porque esta população é muito idosa, nem sempre está com jovens, com gente nova ou mesmo com a família”, observa.
Marta, que coordena a ação no terreno, entende que “há um grande trabalho” a fazer nas aldeias. “Por exemplo, em sensibilização nos sinais e sintomas de um AVC e também de um enfarte, que são patologias, que afetam muito as pessoas idosas e é muito importante reconhecê-los e informar sobre esses sinais. O tempo conta nestas situações e ligar para o 112 logo é a única forma de ter os melhores cuidados”, afirma a jovem estudante, acrescentando que, no porta a porta, encontram “sempre muitos casos de hipertensão arterial e diabetes, e aconselhamos a procurar o médico de família”. “O que nós queremos aqui é apostar na prevenção”, sublinha.
André Rodrigues, presidente da junta de Fontoura, em Valença, que acompanhou aquele grupo para ajudar a abrir caminho à missão dos estudantes de Medicina, considera que o projeto “Aldeia Feliz” “é muito interessante, vai muito de encontro às necessidades da população, principalmente mais idosa”. “É uma iniciativa diferente do habitual em que trazemos as equipas ao domicílio das pessoas para controlar o básico da saúde, tensão, diabetes, etc. E penso que até será uma boa ideia para o futuro. Podemos eventualmente tirar algumas ilações desta iniciativa, no sentido de criar uma equipa mais abrangente da freguesia e talvez do concelho”, indicou.
Manuela Andrade, da câmara de Valença, destacou a importância da iniciativa para aquele município, mas também para os estudantes de Medicina. “Serve para terem um bocadinho a noção de como é que estas pessoas vivem. Muitas vezes o médico não tem a noção das condições em que vivem os doentes. É importante que tenham noção da realidade dos concelhos e destas zonas mais rurais do país, onde muitas vezes é difícil as pessoas darem continuidade aos tratamentos”, disse, explicando que essa foi também uma das razões pelas quais a câmara “abraçou” o projeto “Aldeia Feliz”, proporcionando alojamento, refeições e transportes aos voluntários da UMinho.
