Estudo conclui que políticos são permeáveis a influências e muitos governantes acabam na banca
Um estudo da Transparência e Integridade - Associação Cívica (TIAC) conclui que os políticos em Portugal «são permeáveis a influências» por parte de «grandes grupos de interesses», em particular dos setores financeiro, da energia e da construção civil.
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O relatório "Lóbi a Descoberto: O Mercado de Influências em Portugal", elaborado pela investigadora do TIAC Susana Coroado, revela que os setores financeiro, da energia e da construção civil são «os mais envolvidos em práticas de lóbi pouco transparentes».
De entre estes setores, «a banca, em particular, tem-se destacado na criação de empregos para responsáveis públicos: 230 pessoas ocuparam um total de 382 cargos em instituições financeiras antes ou depois de terem desempenhado funções no Governo».
«Ao todo, 54% dos membros dos Governos desde o 25 de abril desempenharam funções na banca. Além disso, desde 1986, todos os governantes do Banco de Portugal tinham anteriormente ocupado posições na banca», revela a pesquisa.
O estudo alerta para a falta de regulação da atividade de lóbi em Portugal, considerando que «são escassos e insuficientes os mecanismos de integridade a que estão sujeitos os representantes públicos e os grupos profissionais que podem ser considerados lobistas».
Realizado entre março a setembro deste ano, o estudo da TIAC foi complementado com dados obtidos a partir de 16 entrevistas a antigos e atuais responsáveis políticos, jornalistas, representantes do setor privado e da sociedade civil. Entre os entrevistados encontram-se os deputados na Assembleia da República Alberto Martins, Maria Antónia de Almeida Santos, José Mendes Bota, José Magalhães e Rui Paulo Figueiredo. Também responderam às perguntas Ana Gomes, deputada ao Parlamento Europeu, Nuno Godinho Lopes (advogado e vice-presidente da Ordem dos Advogados) e Pedro Rodrigues (secretário-geral da Câmara de Comércio de Lisboa).