Estudo sugere que alargamento do Programa Nacional de Vacinação pode poupar 245 milhões de euros ao Estado
O alargamento do número de vacinas disponíveis na idade adulta pode ajudar a prevenir mais doenças e a reduzir as despesas do Estado
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Portugal pode poupar 245 milhões de euros se alargar o número de vacinas disponíveis na idade adulta. A estimativa é de um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública, realizado em parceria com a Universidade Nova de Lisboa, que sugere a atualização do Programa Nacional de Vacinação.
O estudo do projeto "+Longevidade" estima que cinco vacinas podem fazer uma diferença de quase 250 milhões de euros. Nem todas as doenças são inevitáveis e a vacinação na idade adulta pode ser a chave para ajudar a resolver muitas doenças.
Os investigadores sugerem, por isso, que as vacinas para a gripe e para o herpes zoster podem ajudar o Estado a poupar dinheiro. A análise da Escola Nacional de Saúde Pública e da Universidade Nova acrescenta ainda mais três vacinas que, na leitura dos técnicos, poderão passar a fazer parte do Programa Nacional de Vacinação, como as vacinas contra o vírus sincicial respiratório, contra a doença pneumocócica e contra o vírus do papiloma humano.
O país está mais envelhecido do que nunca e os técnicos defendem que a inclusão de mais vacinas pode ajudar a reduzir a pressão sobre os serviços de saúde. Este estudo não tem dúvidas de que o investimento necessário para incluir mais vacinas supera os custos que todos os anos estão associados ao tratamento destas doenças.
Em declarações à TSF, Francisco George define como fundamental o alargamento do Programa Nacional de Vacinação. O antigo diretor-geral da Saúde e presidente da Sociedade Portuguesa de Saúde Pública, entidade parceira desta análise, considera que a medida pode contribuir para prolongar a vida dos portugueses e melhorar a qualidade de vida, destacando o exemplo da vacina contra o vírus sincicial respiratório.
"É igualmente útil que administrada em dose única a grávidas entre a 24.ª e a 36.ª semanas de gravidez, uma vez que os anticorpos, a proteção fabricada na mãe é depois passivamente transmitida ao recém-nascido durante os primeiros meses de vida, que fica protegido em relação à bronquiolite. Portanto, há aqui um conjunto de avanços em novas vacinas que são muito seguras e que confirmadamente podem prolongar ainda mais a vida dos portugueses, mas sobretudo criar condições de melhor qualidade de vida", explica.
Francisco George considera que a proposta só não será tida em conta se houver falta de vontade política.
"É uma questão de vontade política e de decisão. É da competência das autoridades do Ministério da Saúde, da Direção-Geral da Saúde, da sua Comissão Técnica de vacinas e também, sobretudo, decisão final da ministra da Saúde", acrescenta.
Atualmente, o Programa Nacional de Vacinação tem 12 vacinas. Se esta sugestão for aceite pelo poder político, passará a ter 17.
