"Estupefação e indignação." FPF aceita revogação de contrato com Paulo Lourenço

Pedro Proença, novo presidente da FPF
Paulo Spranger/Global Imagens (arquivo)
Além do término do contrato com Paulo Lourenço, a Federação Portuguesa de Futebol anunciou a extensão ao mandato 2016-2020 da Auditoria que já decorre referente aos anos entre 2020-2024
Os elementos da Direção da Federação Portuguesa de Futebol estiveram reunidos, na manhã desta quarta-feira, onde anunciaram ter aceite a rescisão do contrato de prestação de serviços de Paulo Lourenço, ex-secretário geral da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), arguido no processo Mais Valias, sobre a venda da antiga sede.
No comunicado, a FPF anuncia a extensão ao mandato 2016-2020 da Auditoria, que já decorre, desde 17 de março, referente aos anos entre 2020-2024, para obter uma análise mais minuciosa e aprofundada, sobretudo nas áreas que envolvem pagamentos de comissões, prestações de serviços e procedimentos na área de recursos humanos, para "apurar eventuais responsabilidades civis ou criminais".
A Federação garante que vai colaborar com a justiça, constituindo-se como assistente em todos os processos criminais e colocando ações judicias contra qualquer pessoa que venha a ser responsabilizada por danos à FPF.
A direção expressou de "forma unânime a sua estupefação e indignação pela forma como a honra e a reputação da instituição foram afetadas" pelos acontecimentos de terça-feira.
A FPF divulgou a implementação imediata de um processo de averiguação interna aos procedimentos administrativos de todos os departamentos. O organismo anunciou também a promoção da criação de um Comité de Ética, propondo a alteração dos estatutos.
A FPF é agora liderada por Pedro Proença, que em fevereiro deste ano sucedeu a Fernando Gomes, presidente nos últimos 13 anos.
As buscas de terça-feira estão relacionadas com a venda da antiga sede da FPF, em 2018, na rua Alexandre Herculano, em Lisboa, por mais de 11 milhões de euros, adiantou a PJ em comunicado, tendo fonte policial confirmado à Lusa que foram constituídos arguidos, até agora, um empresário e um antigo secretário geral da federação.
Em causa estão suspeitas dos crimes de recebimento indevido de vantagem, corrupção, participação económica em negócio e fraude fiscal, confirmou esta polícia.
Também em comunicado, a PJ avançou que, durante a investigação, "foram identificadas um conjunto de situações passíveis de integrarem condutas ilícitas relacionadas, sobretudo, com a intermediação da venda" do edifício em questão.
Foram ainda cumpridos 20 mandados de busca em casas, uma instituição bancária e sociedades de advogados localizados nos distritos de Lisboa, Setúbal e Santarém.
A investigação, que teve início em 2021, está a cargo do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa e vai continuar "com a análise à prova agora recolhida e com os competentes exames e perícias".
O edifício da sede da Federação Portuguesa de Futebol foi vendido em 2018, altura em que Fernando Gomes era presidente da FPF, cargo que deixou em fevereiro deste ano, sendo sucedido por Pedro Proença, e toma hoje posse como presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP).
O antigo basquetebolista profissional e dirigente do FC Porto, de 73 anos, liderou os destinos da FPF durante 13 anos e a cerimónia de empossamento no COP, marcada para hoje às 18:00, com presença prevista do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do primeiro-ministro, Luís Montenegro.
