"Estupefacto." Autarca do Bombarral acusa Montenegro de "decisão partidária" sobre Hospital do Oeste
Em declarações à TSF, Ricardo Fernandes considera que o adiamento da construção do Hospital do Oeste vai prejudicar uma população de 300 mil habitantes
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As declarações de Luís Montenegro sobre o Hospital do Oeste surgem ao “arrepio de tudo aquilo que estava feito anteriormente e o trabalho é longuíssimo”, lamenta o presidente da câmara municipal do Bombarral. Ricardo Fernandes reage assim às palavras do primeiro-ministro e líder do PSD no comício de segunda-feira à noite nas Caldas da Rainha.
Montenegro prometeu que a decisão sobre o futuro hospital do Oeste só será tomada depois de “um processo de avaliação aprofundado e fundamentado”. Em 2023, o então ministro da Saúde Manuel Pizarro (PS) anunciou que o novo hospital do Oeste seria construído na Quinta do Falcão, no Bombarral, no distrito de Leiria, processo, entretanto, suspendo pelo atual executivo PSD/CDS-PP.
Ouvido pela TSF, Ricardo Fernandes recorda que os autarcas do Oeste consensualizaram encomendar um estudo, em concurso público ganho pela Universidade Nova. Nesse estudo, “com critérios objetivos e científicos”, foi decidido tanto sobre o perfil assistencial, como a própria localização do futuro hospital.
“Objetivamente, teve o Bombarral como localização preferencial, mas a segunda localização possível era também o Bombarral, noutra saída da autoestrada da A8 a norte”, lembra o autarca socialista.
”Estamos estupefactos com esta posição, uma vez que tinha sido até anteriormente anunciado por um ministro da Saúde a localização e a construção do hospital do Oeste no Bombarral”, adianta Ricardo Fernandes. ”Quem perde é todo o Oeste, somos 300 mil habitantes que aguardamos há mais de 20 anos por uma resposta assistencial hospitalar condigna”, lamenta.
“Temos a pior assistência hospitalar do país. Entre Leiria e Lisboa, por exemplo, não há uma única cama de cuidados intensivos, isto é dramático”, acentua. “Agora, de uma forma completamente partidária, temos esta decisão que joga para o lixo todo um estudo aprofundadíssimo realizado pela Universidade Nova”, diz.
Questionado sobre se considera que esta é uma decisão do líder do PSD e primeiro-ministro, com o objetivo de agradar ao PSD local (Caldas da Rainha) e tentar reconquistar uma câmara que perdeu nas últimas eleições, Ricardo Fernandes afirma que “só pode ser, uma vez que ele próprio [Montenegro], enquanto candidato às legislativas em 2023, tinha referido que já se tinha perdido imenso tempo com esta questão e que havia que atalhar caminho e fazer de acordo com a conclusão do estudo da Universidade Nova”, recorda.
Ricardo Fernandes lembra que no Orçamento do Estado de 2025 estão inscritos 265 milhões de euros para avançar com o Hospital do Oeste, mas a obra continua num impasse.