
Afonso de Sousa
Até dezembro o percurso vai ser feito por dois autocarros e de uma forma experimental, em dias de feira e de eventos significativos, de um e de outro lado da fronteira. Se resultar, a carreira poderá passar a diária.
Corpo do artigo
Começaram oficialmente, esta sexta-feira, as viagens de autocarro na Eurocidade Chaves-Verín. As duas localidades, ou melhor, o bairro de cima (Verín) e o bairro de baixo (Chaves) ficam agora ainda mais ligadas.
Até dezembro o percurso vai ser feito por dois autocarros e de uma forma experimental, em dias de feira e de eventos significativos, de um e de outro lado da fronteira. Se resultar, a carreira poderá passar a diária.
Há mais de 60 anos que a flaviense Maria de Lurdes e o espanhol Pepe Ferreiro estão emigrados no Brasil. Foram os primeiros a entrar na viagem inaugural que se iniciou às seis em ponto desta sexta-feira, na estação de camionagem de Verín. A filha do ex-comerciante de joias no Rio de Janeiro estava satisfeita ao subir para o autocarro com as cores da Eurocidade. "Fiquei muito contente. Antes não havia nada, só táxi." O marido, natural de Vigo, acrescenta que a ligação "vem fortalecer ainda mais a união que sempre existiu".
Uma união que sempre houve, mesmo nos tempos de fronteira, mas que agora se quer reforçar, principalmente para os idosos, diz a vereadora do turismo, educação e festas de Verín, Emília Samoza, que testemunhou o momento.
"Porque os mais novos arranjam sempre um carro de um amigo, do pai ou da mãe, e os mais velhos não têm como se movimentar. Esta ligação vai servir para poderem ir mais vezes a Chaves e os de lá virem aqui. Até dezembro, é experimental, depois logo se vê. Espero que corra bem."
TSF\audio\2019\08\noticias\10\afonso_de_sousa_10h00
O condutor César Lozada acredita que sim porque tem havido muita gente a perguntar pelas viagens: "Nos últimos dias, muitas pessoas de idade têm-me perguntado muitas vezes pelas viagens. Vai ser bom para eles irem às feiras e outros eventos."
A viagem de cerca de 25 quilómetros tem uma paragem a meio, precisamente na fronteira, junto ao edifício que, há já alguns anos, é sede da Eurocidade. O autocarro para, mas nesta primeira viagem não entra ninguém e segue para Chaves. É lá, na estação de camionagem, que um pequeno grupo de 12 pessoas espera fazer o percurso para Verín. Há, no bairro de cima (Verín), uma feira de vinhos, e António Cunha vai aproveitar a oferta.
"É ótimo pela troca de culturas, e hoje vamos à feira de vinhos e já podemos beber que ninguém nos multa", salienta.
Com ele vai também Valerie Pantano. A professora de Matemática, nascida na Bélgica e filha de pai italiano, só vê vantagens nesta ligação da Eurocidade. "É excelente! Espero que se mantenha e que melhore. Hoje vamos às provas de vinhos e talvez a um concerto".
No autocarro português segue também a funcionária pública Conceição Ribeiro, que acrescenta que a carreira não vai servir só para ir a feiras ou festas: "Também para ir às piscinas e ao Mercadona às compras."
As autarquias de um e de outro lado espreitam a utilidade do serviço com a movimentação de pessoas nos dois bairros da Eurocidade e Francisco de Melo, vice-presidente da Câmara de Chaves espera que, depois do período experimental, as viagens se façam diariamente.
"Achamos que desta forma estamos a dar o primeiro passo para que no futuro se estabeleça uma carreira privada que tenha uma pendularidade adequada ao tecido urbano, porque a ideia partiu da Eurocidade Chaves-Verín e não pode haver cidade se não há pendularidade de transportes coletivos."
A Eurocidade Chaves-Verín dá mais um passo na consolidação de exemplo europeu de cooperação transfronteiriça. Até dezembro, a carreira é experimental. Depois espera-se diária e com 25 horas. Em Portugal é sempre mais uma hora que em Espanha.