A nova lotaria, lançada a pensar nos jovens, deverá aprovada em Conselho de Ministros esta quinta-feira.
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O Governo deve aprovar, esta quinta-feira, em Conselho de Ministros, a criação da nova lotaria europeia. Chama-se Eurodreams e junta mais de oito países europeus, naquela que será a maior lotaria europeia desde o lançamento do Euromilhões há quase 20 anos.
Esta nova lotaria é lançada a pensar nos jovens, com os prémios a serem pagos ao longo de vários anos. Em vez de um prémio fixo pago na totalidade, quem ganhar a nova lotaria vai receber uma prestação mensal paga ao longo de vários anos. Por exemplo, o primeiro prémio dá direito a 20 mil euros por mês durante 30 anos. Na segunda categoria de prémios, o valor é variável, mas pode chegar aos dois mil euros por mês, pagos em cinco anos.
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O jornal Público revela que a criação do novo jogo deve ser aprovada, esta quinta-feira, em Conselho de Ministros, a tempo do primeiro sorteio a 6 de novembro. Haverá dois sorteios por semana: às segundas e quintas-feiras em Portugal e mais oito países europeus, os mesmos onde se joga o Euromilhões.
O Público, que teve acesso ao diploma do Governo, adianta que o Eurodreams será explorado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e, à semelhança do que acontece com outros jogos sociais, o Estado arrecada 20% dos prémios em imposto de selo. Dois por cento das receitas serão destinadas à Santa Casa, mas o objetivo não é fazer face às dificuldades financeiras da instituição.
O Governo justifica a nova lotaria como forma de combater a oferta ilegal deste tipo de sorteios e diversificar e atualizar a oferta de jogo.
Pedro Hubert, psicólogo, especialista em adição ao jogo compulsivo, drogas e álcool e autor do livro "O Problema do Jogo", estranha uma lotaria destinada aos jovens, porque eles são, precisamente, uma das comunidades mais vulneráveis ao jogo aditivo.
"Nós sabemos que o cérebro dos jovens só está definitivamente formado por volta dos 23 ou 24 anos, a nível do controlo dos impulsos, a nível da tomada de decisão, da maturidade. É curioso eles não se aconselharem um bocadinho na componente científica e estarem a dizer isso, porque estão a fazer um apelo a uma população que é mais vulnerável à gratificação imediata, à baixa tolerância, à frustração, à tomada de decisões impetuosas e impulsivas. É vender um sonho que não deveria ser dirigido aos jovens e se não houver uma regulação, uma fiscalização, uma prevenção, a nível geral, podemos também vir a ter problemas", explica, em declarações à TSF.
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Pedro Hubert defende que há muito a fazer, a começar pela mudança da lei.
"Está na hora de a Assembleia da República começar a modificar toda esta legislação que já está muito obsoleta, mas sobretudo a nível da prevenção, que acompanhe um canalizar de impostos para tratamento e prevenção a partir das escolas, a nível das freguesias, a nível das universidades, onde também já começa a haver muito problema. Demonstrar que o jogo deve ser uma atividade recreativa e não um investimento ou uma forma de ganhar dinheiro, e reduzir a quantidade de sorteios. Há toda uma aprendizagem na conceptualização, é preciso proteger os mais jovens e devia haver mais prevenção, mais proteção dos jogadores e a legislação deve ser mudada neste sentido", considera.
* Notícia atualizada às 10h06